Um Natal no meio de contrastes…

Vivemos num tempo e numa humanidade carregada de contrastes! Países extremamente desenvolvidos junto a países subdesenvolvidos; países em paz junto a países em guerra; povos ricos junto a povos pobres; sociedades culturalmente desenvolvidas junto a sociedades ainda na pré-história da cultura; desejos de paz junto à proliferação de armamento altamente desenvolvido; defesa dos direitos do Homem junto aos maiores atropelos dessa mesma vida! Vivemos, acima de tudo, numa sociedade em que estes contrastes são conhecidos, assumidos e entram nas nossas vidas das mais variadas formas; vivemos, inclusivamente, numa sociedade onde, sem darmos conta, nos tornamos instrumentos para que estes contrastes continuem a imperar no seio da Humanidade.
Todos estes contrastes parecem confirmar que o ser humano se vira contra ele próprio numa velocidade galopante, sem que nada o possa deter.
É neste contexto que vivemos o Natal: uma época, por natureza, carregada de esperança, de vida, de paz, de alegria, de amor! Mas será que o Natal é apenas um iato na vida das pessoas? Será que é uma utopia que desejamos na certeza da sua não concretização? Ou será apenas um sonho “cor-de-rosa” de duração variada na vida de tantos homens e mulheres?
Penso que, frente a todos estes contrastes, somos chamados a acreditar naquilo que é, de facto, o Natal. Mas este acreditar não pode ser um mero acto intelectual ou especulativo, é necessário que se transforme em gestos concretos no nosso viver e existir.
Tanta gente ao nosso lado, tantos acontecimentos a terem lugar em que estamos inseridos, tantas organizações com poder e capacidade para mudar um pouco a história nas quais temos o nosso lugar… São, certamente, oportunidades para podermos minimizar esse amontoado de contrastes. Todos podemos inverter um pouco os acontecimentos se assumirmos um compromisso na construção do mundo. E que melhor altura para que esse caminho comece ou recomece que não uma época onde tantos ideais se cruzam? Hoje é a oportunidade! Mas esta urgente inversão, na qual temos a nossa palavra, exige, certamente, uma mudança que começa dentro de cada um, na medida em que só damos o que temos, só fazemos aquilo que é resultado do que somos.
É desta esperança que está cheio o Natal que nós celebramos nos próximos dias, e é esta mesma esperança que o mundo quer ver em e através de todos nós.

Santo e Feliz Natal!

Pe. Paulo Franco