Sul e Norte – Crónicas

CIRQUE DU SOLEIL
Que espectáculo!…

Entre os dias 13 e 24 de Outubro, o Cirque du Soleil actuou  no Pavilhão Atlântico, com o espectáculo “Saltimbanco”. E realmente foi um espectáculo!…
Gostava de partilhar convosco este momento  pois, para além de ser um caso de sucesso a nível mundial, enquanto arte,  é um case study em  gestão e estratégia. Eu costumo abordá-lo  com os   meus alunos (1).
O espectáculo:
Estou a rever em pensamento o “Saltimbanco”.  E as palavras que me ocorrem são  luz, cor, muita criatividade, perfeição e muito trabalho!… Consegue prender e surpreender do princípio ao fim.
É um misto de várias actividades: acrobacias, dança, música e… um  humor cativante e original. Juntando a isso, um guarda roupa invejável e uma maquilhagem muito interessante.
Este espectáculo aborda a vida de uma cidade, as pessoas que lá vivem, as suas diferenças e semelhanças, a família e o grupo, os ruídos da rua e as alturas vertiginosas dos arranha-céus. E conduz os espectadores a um mundo de sonhos, de cor e de fantasia…
Como referi, conseguiu cativar-me  desde o primeiro minuto e no final, pude  ver todo o público a aplaudir de pé. Lembro-me que dei comigo a pensar: estes artistas, para fazerem o que  fazem, devem ter uma vida de muita privação e de muito trabalho. Só pode ser assim… porque o que eles fazem é tão perfeito que devem ter que se esforçar muito, muito… E é agora, aqui, neste momento com este pavilhão todo a aplaudi-los de pé, que eles devem sentir a recompensa de todo o seu esforço!… Apetecia-me ter-lhes dito a cada um deles: Muito obrigada!!…
E fiquei na esperança de que me tenham ouvido… em “pensamento”.

A filosofia de gestão
A primeira vez que ouvi falar no Cirque du Soleil foi num livro de gestão e estratégia(2).Referia que esta empresa tinha entrado no sector do entretenimento, de uma forma INOVADORA e, com isso, tinha conseguido crescer e ter lucro.
Para termos uma noção da sua origem, o Cirque do Soleil iniciou a sua actividade em 1984, no Quebec, aquando da comemoração do 450º aniversário da descoberta do Canadá.  
Na altura em que surgiu, os vários circos competiam entre si e disputavam os melhores artistas para conseguirem ter mais público. Isto aumentava os custos do espectáculo mas, apesar disso,  o mercado estava estagnado e não havia um aumento da procura para contrariar essa tendência. Para além destes factores,  a existência dos animais do circo também representava um custo elevado.
E qual foi a estratégia do  Cirque du Soleil?  Eles não se interessaram em seguir a concorrência. O seu objectivo foi fazer um tipo de espectáculo diferente. E, com isso, conseguiram atrair dois tipos de clientes: os que gostavam de  teatro e os que gostavam de circo.
E com este exemplo se introduz o conceito que em estratégia se denomina: “Inovação com Valor”.
Este conceito traduz-se no seguinte: A empresa deve inovar,  reduzindo  custos e aumentando o valor  que o consumidor atribui a esse produto.
Foi o que fez o Cirque du Soleil. Não se envolveu na competição de ir buscar à concorrência os melhores artistas e fazer actuações com animais (reduziu custos), criou um tipo de espectáculo diferente (inovação) e as pessoas não se importavam de pagar mais para assistir, porque valorizavam este espectáculo (acrescentou valor ) .
Por fim, se é comerciante ou  empresário da Zona Sul, concluo com uma pequena pergunta de reflexão:
Em que é que a sua empresa pode “inovar”,  “reduzindo custos” e aumentando o “valor” que  o consumidor dá ao seu produto,  de tal forma  que não se importe de pagar por ele?

1 (licenciatura em Marketing Turístico na ESTM- Escola superior de Turismo e Tecnologia do Mar em Peniche – do Instituto Politécnico de Leiria)
2 KIM,W.Chan; MAUBORGNE, Renée  (2007) A Estratégia Oceano Azul, Lisboa, Actual Editora, pág 27, 31- 32.
Site: www.cirquedusoleil.com

“A VERDADE DA CRISE”

Tem curiosidade em saber sobre a crise económica  de 2008, porque aconteceu, quem contribuiu para que acontecesse, e que   conduziu o mundo, incluindo nós portugueses,  a  momentos muito difíceis ?
Então sugiro-lhe  que veja “A Verdade da Crise – Inside Job”. Foi-me recomendado por uma amiga e no mesmo dia o fui ver. Considerei este filme muito importante,  que deve ser visto por todas as pessoas que se interessam pelo presente e pelo futuro do mundo. E pelo seu próprio futuro…
É um filme que estreou no passado dia 11 de Novembro,  feito com  factos verídicos, entrevistas a economistas, políticos e jornalistas e que mostra como a crise financeira nos EUA aconteceu, as pessoas que tentaram alertar e que não foram ouvidas, os interesses e as especulações, a ganância e a corrupção por detrás do que sucedeu.
Este filme está em várias salas de cinema, por exemplo, nas Amoreiras e no El Corte Inglês.
Espero que gostem  e, sobretudo, que vos seja útil…

Rita Vitorino de Carvalho
[email protected]
www.ritavitorinodecarvalho.com