BMW 730D

Iniciamos hoje com o BMW 730D uma série de ensaios, fruto da parceria estabelecida com a Baviera, sedeada no Parque das Nações na zona norte, que nos vai permitir trazer aos nossos leitores as novidades existentes ao nível da BMW e Mini, assim como o estabelecimento de um protocolo que acreditamos vantajoso para ambas as partes.

Após o introdutório, falemos do veículo que hoje trazemos para ensaio. Sempre que ensaiamos uma viatura, notamos obviamente grandes melhorias nos produtos que nos cedem, mas quando se trata de ensaiar o porta-estandarte de cada marca o prazer é ainda maior, pois estamos em presença do que cada marca oferece de melhor aos seus clientes. No caso da BMW e passada uma fase menos positiva em que Christopher Bangle idealizou um série 7 nada consensual em termos estéticos e nalgumas soluções apresentadas, a marca retoma novamente as origens, num segmento que se quer tradicional, inovador mas sobretudo que recolha a grande maioria dos afectos da imprensa e do público. Por isso, este ensaio era necessário. Perceber o que esconde este (grande) modelo da BMW, os seus defeitos e as suas qualidades.

A primeira impressão que nos fica é que as fotos estáticas não fazem jus à beleza do Série 7, imponente quanto baste, mas surpreendentemente agradável. E surge a primeira questão. Será que com este novo modelo a marca destrona a sua eterna rival Mercedes? Considerando somente as estatísticas, nos primeiros 8 meses do ano, a liderança pertence à BMW.

No design a marca aposta na maior desportividade face à concorrência, e nesta versão a frente surge ainda mais apelativa, com a (enorme)  grelha de duplo rim a ser o elemento centralizador da dianteira. Na traseira do Série 7 esta surge agora mais conseguida, onde no cômputo geral o 7, face ao seu antecessor “perde o ar pesadão e triste” para ganhar aqui uma agressividade muito típica da marca bávara.

INTERIOR

Se nos modelos dos outros segmentos é fácil encontrar alguns pontos a melhorar, aqui a questão é cirúrgica e obriga a um esforço acrescido do jornalista de serviço. A qualidade de construção oferecida no alinhamento dos painéis da carroçaria, nos acabamentos, nos plásticos, nos detalhes, é impressionante. Os plásticos que encontrámos com menor qualidade e, mesmo assim, muito bons, foram os laterais inferiores.

Pessoalmente posso considerar que prefiro umas poltronas mais envolventes (existentes na BMW),  mas de resto a posição de condução roça a perfeição, a ergonomia está ao seu melhor nível e o comando da caixa inspirado e prático. Um lamento para o facto do travão de mão eléctrico não desligar automaticamente por pressão no acelerador. De resto, o sistema i-Drive melhorou imenso face ao antecessor, o que chega a ser inseguro, tal o gosto que dá em explorar sempre as suas capacidades. O sistema auto-Hold (trava o veículo quando este se imobiliza e desactiva-se por pressão no acelerador), as duas câmaras para verificarmos se à nossa volta existe algo que os sensores de estacionamento não detectam, câmara traseira, sistema de projecção de informação (o Head-up display – possui uma regulação que permite que a informação projectada no vidro se ajuste à altura do condutor e à sua posição de condução), sistema de alerta de mudança involuntária de faixa de rodagem, seis airbags, controlo electrónico de tracção e estabilidade, radar activo (controla a distância face ao veículo da frente, retomando quando possível a velocidade pré determinada), suspensão Confort, Normal, Sport e Sport+ (apenas é desactivado o controlo de tracção, ficando o controlo de estabilidade activo).

EM ESTRADA

Torna-se viciante fazer viagens em carros desta estirpe. Tudo foi pensado ao detalhe. A suspensão pneumática, de tão confortável, faz de uma estrada esburacada um tapete. As duas toneladas de peso e os cinco metros de comprimento facilmente são esquecidos e tanto podemos ser na estrada, o melhor dos cordeiros como lobos do asfalto. Junte-se-lhe a isto a Direcção Activa Integral, um opcional que inclui as quatro rodas direccionais e chegamos a viajar a velocidades impróprias da legalidade Portuguesa.

A habitabilidade traseira é muito boa para dois adultos assim como a capacidade da mala. Como em qualquer viatura que nos é cedida, esta vem equipada com muitos opcionais, todos eles que se fazem pagar bastante bem. Mas para quem pode, porque não assistir aos telejornais no carro, usar o sistema Hi-Fi Profissional, o telefone, o sistema automático de portas soft-close que fecha automaticamente portas e mala, de modo a que esta operação se efectue de modo suave, sem esforço ou mesmo quando estas ficam mal fechadas.

Um dos grandes dilemas que tive com o série 7 foi as garagens não estarem dimensionadas para este género de viaturas, pois na minha, tentar guardá-lo dois pisos abaixo do nível do chão foi infrutífero. Assim, ficou juntinho ao piso de entrada onde, tomei emprestado um lugar (ou me-lhor, lugar e meio) de estacionamento. Tirando isso, era uma aquisição que teria em conta!!

PREÇO E CONSUMOS
Consumos obtidos: 90 km/hora…….: 5,4 litros
120 km/hora….:  litros / Circuito urbano: 10,2 litros
Preço da unidade ensaiada : Aproximadamente 125.000€

Este BMW é daquelas viaturas que tanto dá gosto em viajar à frente como ceder à tentação e cedê-lo ao afortunado motorista e sentar-me confortavelmente nos bancos traseiros.  Também não gostei de não conseguir andar com o carro em ruas estreitas… simplesmente porque não cabia. Nem com câmaras de estacionamento e os úteis sensores de estacionamento. A caixa automática de 6 velocidades mostrou-se sempre integrada com as grandes solicitações do motor, sem pontos “mortos”, tanto que nunca quis sequer equacionar a utilização de caixa manual.  O funcionamento linear dos seis cilindros em qualquer situação é assinalável assim como o som que emana. Por fim e para quem pensa que os consumos são elevados, fizemos médias de 140km/hora a gastar 7,8 litros com 4 pessoas, o que diz bem do progresso que as marcas têm feito neste domínio.
Gostámos sobretudo da qualidade de construção, do comportamento dinâmico, do design que apresenta, da ostentação com que (nesta versão) não se apresenta e da percepção de segurança. Como pontos a melhorar, a dificuldade que tivemos em o entregar. Mas resolvi o problema deste ano com o Pai Natal. Já sei o que lhe vou pedir…