Parque das Nações 2010

O presidente da Parque Expo, Rolando Borges Martins, recebeu o Notícias do Parque e falou sobre os novos projectos para o Parque das Nações (PN). A primeira surpresa ocorreu ainda antes da conversa. Chegados à sede da empresa, na zona central do PN, um lugar de estacionamento esperava por nós. Sorte, coincidência ou resultado da colocação de parquímetros e alterações na circulação? Segue-se a resposta a esta e outras perguntas em discurso directo.

Por: Inês Lopes

Porta Norte (1)

Este projecto é quase mais de pormenor, mas faz a ponte com a memória do que foi a Expo’98. Uma vez mais a cidade obriga a ir mudando e alterando. No fundo, à Porta Norte será retirada a madeira e ficará a estrutura metálica. Fica a memória do que foi a porta de entrada no recinto. É um projecto do arquitecto Manuel Tainha, que em 95/96, antes da Expo’98, concebeu logo esta outra versão. Chegou a altura de lhe retirar a madeira e voltar a repô-la na solução que o arquitecto tinha já pensado e que convive melhor com a solução urbana de cidade e tecido consolidado. É um daqueles exemplos em que se adapta porque a cidade mudou, mas se respeita a arquitectura e o autor do projecto.
No primeiro semestre de 2010 ficará instalada no terreno. É até uma linguagem arquitectónica, mas isso é uma mera coincidência, que convive melhor com o edifício que lá acabou por aparecer. Tira-se a madeira, mas respeita-se o princípio do arquitecto que já estava pensado desde o início. Mantemos a sinalização, se repararmos, a própria Porta Sul do recinto, constatamos que é também uma memória do que eram as instalações industriais que ali existiam.

Nova escola na zona sul (2)

A escola que vai ser construída na zona sul é uma escola básica integrada do 1º, 2ºe 3º ciclos. Agora faz-se a primeira fase para começar a funcionar já no próximo ano lectivo, e, em 2011, estará concluído o resto. Acabámos por fazer uma solução urbana muito mais compacta do que a que foi inicialmente proposta pela Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL).
O projecto é de uma equipa interna e no fundo é um serviço cívico e de colaboração com a população. O terreno é complicado por causa do talude, mas gostamos de respeitar o território e achamos que os projectos devem ser feitos para cada território. Cada território exige um projecto específico, não pode haver projectos tipo. Aceitamos soluções tipo, mas elas têm que ser adaptadas ao território. Acho que vamos ter, seguramente, uma escola com qualidade.

Praça de Eventos (3)

No domínio que une o rio Tejo ao rio Trancão, onde agora está o circo vai ser construída uma praça de eventos. O projecto é do ateliê PROAP e do arquitecto João Nunes, tal como todo o PP6 (Plano de Pormenor 6). A praça tem uma solução em que, num dos lados, tem um conjunto de perfis verticais onde se colocam as soluções de bar, que podem funcionar quando não há praça porque estão virados para o rio Trancão e do outro lado uma solução idêntica, mas com revestimento verde que avança para meio da praça quando não está ocupada. O grande problema deste tipo de espaços é que são preparados para acolher muita gente, portanto têm que ser muito grandes. A solução que me parece particularmente interessante é ter aqueles perfis com vegetação verde que avançam diferentemente, em carris, e por isso constroem o espaço em espaços mais pequenos.
No limite nascente, no Tejo, termina com um passadiço. É desconstruída, no sentido em que tem este passadiço, vem até certa altura e depois é informal. Há uma continuidade desde o passeio ribeirinho que depois desmonta a própria praça. Do outro lado é formalizada, tem o palco. Tem capacidade para dez mil pessoas.

Mobilidade (4)

Outro projecto que queremos implementar tem a ver com a qualidade de vida no Parque das Nações. Havia um problema muito sério há três, quatro meses atrás, com a questão da mobilidade e da circulação. Penso que ultimamente houve me-lhorias significativas, nomeadamente com o controlo do estacionamento à superfície e as altera-ções na circulação, na Alameda dos Oceanos. A mobilidade melhorou por esses dois factores, mas há uma coisa que não está a responder àquilo que era o desenho urbano e o planeamento que para aqui foi feito – a utilização dos transportes públicos. O recurso ao transporte individual continua a ser largamente preferido.
Estas questões não se resolvem à escala do território, mas vêm sempre por implicações e relações com a envolvente. Aquilo que podemos fazer é promover a mobilidade local. Nesse aspecto temos um projecto de ciclovias para todo o PN, com um percurso de natureza ribeirinha, até lúdica, que cola com a praça de eventos e liga com o resto da cidade através da ciclovia que vem de Algés, e um outro percurso mais urbano que vamos construir pelo meio do PN e que deverá ser estendido à futura estação de metro de Moscavide. Queremos que esta ciclovia chegue às estações de metro para que as pessoas possam sair de casa de bicicleta, largá-la junto ao metro e ir trabalhar. Este ensaio que fizemos na Alameda não é suficiente, até porque está confinado. Não quisemos estar a marcar já na Alameda, mas a ideia do projecto passa por uma marcação bem mais visível da ciclovia.. No total serão cerca de 12 km.

Casa do Gil (5)

O projecto da Casa do Gil é da autoria do ateliê RISCO. Quando a Fundação foi criada, exactamente no dia três de Dezembro de 1999, a Parque Expo comprometeu-se a oferecer um terreno aqui no PN, para fazer a primeira Casa do Gil. O assunto foi sendo protelado e a primeira Casa do Gil acabou por ser construída na Avenida do Brasil. A Parque Expo é instituidora, criadora da Fundação junto com o Instituto de Segurança Social, e tinha o compromisso de oferecer o terreno. Agora estão a pensar avançar para uma segunda casa, uma vez que a existente está cheia. O projecto é muito bonito e uma vez mais uma solução agarrada ao território. Tem cerca de 2500 m2 de área de construção e um grande pátio interior. Para mim é importante, sinalizando até os dez anos, cumprir o compromisso que existia.