Norte – Crónicas

Lisboa, a face menos má da boa moeda

Recordo que antecedendo a Expo 98 e para atrair o investimento a Oriente, o então presidente da CML, João Soares, anunciava a reconstrução da avenida Infante Dom Henrique como uma via privilegiada de acesso à nova zona da cidade e que ligaria toda a zona ribeirinha.
Vieram, entretanto, outras cabeças pensantes que decidiram empecilhar essa ligação, desde a 24 de Julho até ao Terreiro do Paço. Remodelaram a circulação, afunilando o tráfego pela supressão escusada de faixas de trânsito, sendo que uma dessas passou a estacionamento pago. Agora quando por lá transitam vagarosamente em pára arranca, remoam-se os que votaram na equipa de António Costa, inimiga declarada do automóvel.

Mas o executivo municipal parece também não morrer de amores pelos habitantes do Parque, já que a propósito da Reorganização Administrativa de Lisboa preferiu antagonizar-nos, propondo para a única Freguesia a criar nesse âmbito, o seguinte:

-habilidosamente apelida-a de Oriente, nome que a AMCPN adoptou na 1ª petição à AR;
-assume a amputação do lado norte do PN que perde uma identidade própria, reconhecida unanimemente por todas as forças políticas;
que não se fica apenas pela zona de intervenção da Expo 98, pretendendo-a fundir com a faixa de território adjacente, delimitada pela Av. Infante Dom Henrique. Essa zona inclui o Casal dos Machados, a Quinta das Laranjeiras e a Centieira, bairros sem qualquer tipo de afinidade ao nível de infra-estruturas existentes.
A este respeito, estranho que a Parque Expo não tenha divulgado publicamente a sua opinião quanto ao que Lisboa preconiza para um território que continua a administrar?

É a minha convicção pessoal, que tal Freguesia foi pensada à medida da ambição do actual presidente dos Olivais. Impedido por limitação legal de se recandidatar em “casa”, poderia vir a fazê-lo no PN alavancando o seu score nos votantes desses bairros limítrofes, onde a esquerda tem predominado. Um autêntico cozinhado político, avalizado pelo PSD Lx, em troca de garantia socialista de que Telheiras não se autonomizaria da “sua” JF Lumiar.

Durante o período de discussão pública da referida RAL, a AMCPN marcou presença quer em sessões plenárias da Assembleia Municipal quer em debates promovidos por diversas juntas (curiosamente a dos Olivais absteve-se de auscultar a população sobre a redução em área da freguesia), sempre colocando em agenda o tema da “nossa” Freguesia. Tivemos oportunidade de discursar, questionar e atrair a atenção dos políticos locais, que na sua maioria concretizaram posições solidárias ou de apoio futuro, aplaudindo o contributo empenhado dos moradores do PN. Do lado do PS, retenho duas frases proferidas por actuais deputados da AR que comprovam a animosidade acima referida, uma arrogante: “aproveitem esta oportunidade que não terão mais nenhuma”, a outra mais imbecil “não aceitamos uma freguesia gerida como um condomínio privado (?)”.

Marinhagem de Excelência

A nossa Marina, mesmo sendo a doca do Porto de Lisboa mais afastada do mar, teve sucesso extemporâneo e imediato junto dos proprietários náuticos. Para isso contribuiu a equipa de marinhagem residente, constituída por profissionais experientes e atenciosos, uma grata surpresa que recebi quando me tornei cliente.
Dos 400 lugares de amarração instalados quase metade estão ocupados, motivo mais que suficiente para a abertura do posto de combustível, aí instalado há cerca de 10 meses. Segundo ouvi dizer, a vistoria ao equipamento eterniza-se, enleada entre diversas instituições, por questões de soberania territorial.
Como futuro utente, desejo que se entendam rápido, viabilizando um posto que inclusive funcionou durante a Expo. É essencial às embarcações de recreio que para abastecerem, têm de se deslocar ao Cais do Gás, em Belém, ou em alternativa recorrer aos marinheiros que, afáveis, se deslocam com bidões à estação de serviço mais próxima.  

Nota – A iluminação pública, das faixas centrais das avenidas do Parque, está instalada em altura e por esse motivo no trecho norte da Alameda dos Oceanos, a visibilidade nocturna não é a mais adequada. A luz desses candeeiros projecta-se acima das copas das árvores, criando zonas de penumbra que ensombram a visibilidade de algumas das várias passadeiras. À data em que escrevo, decorre necessária intervenção de repintura, capaz de resolver o problema. À cautela, sugiro medida eficaz e de baixo custo: colocar pequenas placas muito em voga, que piscam, assinalando a proximidade da passadeira de peões aos condutores mais distraídos e aos forasteiros!