“Não temos certezas”

Falámos com Patrícia Branco, presidente da Associação de Pais da Escola Básica do Parque das Nações, sobre algumas das medidas tomadas, neste arranque escolar, e sobre o futuro da escola.

Como foi o arranque?
Foi bastante trabalhoso. Mas, no final, o balanço foi positivo! Fizemos um inquérito para perceber quais eram as necessidades prioritárias dos pais, que tipo de actividades valorizavam mais e, a partir daí, delineámos estratégias. Uma das coisas que fizemos, foi uma proposta à Direcção do Agrupamento Eça de Queiroz, a que a escola pertence, para organizarmos as Actividades de Enriquecimento Curricular do 1.º ciclo (AEC’s). Contratámos o Movimento de Educação pela Arte para as executar. Os pais ficaram muito entusiasmados e as crianças estão a adorar.

Fale-nos um pouco sobre isso.
Estas actividades são leccionadas de uma forma um pouco diferente do habitual.  Após a parte curricular, que finaliza pelas 15.15h, as crianças têm as actividades de enriquecimento curricular (inglês, desporto,  música, expressão dramática..) que são dadas de uma forma muito lúdica, embora em completa integração com o programa do ensino curricular. A ideia é que a brincar também se aprende… e não nos podemos esquecer de que estamos a falar de crianças pequenas, que já passaram 6 horas sentadas.
Esta metodologia tem como objectivo estimular a criatividade das crianças, ensiná-las a pensar, a criticar e despertá-las para a arte. Nestas idades em que elas absorvem tudo… Por exemplo: as aulas de inglês podem ser dadas através de uma aula de teatro ou através de jogos. É muito engraçado porque já os vemos a brincar ou a jogar em inglês.
Outra novidade foi criar workshops gratuitos para pais. Tivemos o primeiro sobre a eficácia parental, dado pela psicóloga Mónica Pires. Vamos realizar um workshop por trimestre e, em função da adesão, poderão ser realizados mais.

Mas, como disse, o arranque não foi fácil. Porquê?
O arranque de uma Associação de Pais é muito trabalhoso. Há que definir estratégias, planear e organizar CAF’s, (Componente de Apoio à Família), AEC’s, (Actividades de Enriquecimento Curricular) e ainda Actividades Extra Curriculares, ouvir e receber os pais… Aliado a isto, temos, basicamente, uma “meia Escola”: a primeira fase da escola está concluída, mas a segunda fase de construção ainda não arrancou… Não temos refeitório, ginásio e o espaço de recreio é muito pequeno. Faltam-nos infra-estruturas essenciais ao bom funcionamento de qualquer Escola.
Acresce que este ano entraram 3 turmas, de 1º ano, quando a Escola foi projectada para ter apenas 2 turmas, por ano, no 1º ciclo. Isto deixou-nos bastante preocupados porque a abertura desta 3ª turma adicional, constituída por alunos condicionais ou fora da área de influência da Zona Sul do Parque das Nações, parece revelador de falta de visão estratégica. De facto, poderá estar em causa, no próximo ano lectivo, a continuidade das crianças do Jardim de Infância visto que para o ano, sobra apenas uma sala de aulas, sala essa que está, neste momento, a ser usada como refeitório. Na melhor das hipóteses a Escola terá condições para abrir apenas mais uma turma, no próximo ano, o que é claramente insuficiente para as necessidades da comunidade residente e trabalhadora do Parque das Nações, a qual tem vindo a aumentar. A Microsoft, por exemplo, vem para o PN e representa mais 1500 trabalhadores…

Qual é a solução?
A construção da 2ª fase, a qual irá permitir a continuidade das crianças que presentemente frequentam o 1ºciclo, assim como a construção das infra-estruturas que nos faltam. A Escola Vasco da Gama não terá condições de absorver estes alunos, quando chegarem ao 2º ciclo, visto que, ela própria, se debate com problemas de excesso de alunos.

Mas não existem novidades sobre essa matéria…
Acredito que venha a ser construída, não sabemos é quando será iniciada a obra. Não se iniciando já neste ano lectivo, seria imprescindível finalizar as obras das salas do 2º piso, que estão neste momento inacabadas porque fazem parte da 2ª fase. Isso dar-nos-ia mais duas salas e duas casas de banho.

Isso resolveria parte do problema.
Sim, as salas poderiam funcionar como refeitório, deixando livre a sala de aulas que está, neste momento, a ser usada para esse efeito.

Que respostas têm tido?
Até à data não temos certezas algumas. Falámos com a Câmara que, apesar de não ser responsável pela construção da 2ª fase, nos disse ir contactar a DRELVT e a Parque Expo. A Associação de Pais já pediu audiências a ambas.
Sabemos que a Direcção de Agrupamento também está muito empenhada em terminar as obras do 2º piso e está à espera de resposta ao pedido de audiência à DRELVT.

Relativamente ao inquérito, que feedback tiveram mais por parte dos pais?
Para os pais, o mais importante seria o acabar da 2ª fase, assim como a dotação de equipamentos lúdicos e sombras no pátio, construção do refeitório e ginásio… Percebemos, também, que havia margem para melhorar as Actividades de Enriquecimento Curricular. Daí termos contratado o Movimento de Educação pela Arte, com bastantes anos de actividade e muitas provas dadas, nesta área. Depois perguntámos aos pais que outros tipos de actividades queriam ter. Estávamos desejosos de organizar a Componente de Apoio à Família que, por decisão da Direcção de Agrupamento, acabou por ser atribuída à Junta de Freguesia de Santa Mª dos Olivais. Como consequência directa disso, os alunos perderam uma série de actividades extra-curriculares, pagas pelos pais, dentro das instalações da escola. Daí que a Associação de Pais acabou por celebrar uma série de protocolos, com entidades privadas próximas da escola: Natação no Externato João XXIII, Inglês, Mandarim e Xadrez na TEEN Academy, música na Petromúsica, Judo e Ballet na escola Nuno Delgado, etc… São actividades que são pagas pelos pais, mas com descontos para os alunos desta escola.

Estão melhor do que o ano passado?
Em parte sim, no que diz respeito às actividades de enriquecimento curricular, estamos claramente melhor. O facto de existir uma Associação de Pais também contribui para que os pais se sintam mais seguros e informados. Mas ficámos muito descontentes por, sem uma explicação ou motivo óbvio, termos sido afastados da organização da Componente de Apoio à Família(CAF), uma actividade que diz respeito directamente às famílias. A Associação de Pais está empenhada em contribuir para a melhoraria da vida escolar das crianças… E nada melhor que a organização da CAF para o fazer, visto ser algo que nos diz directamente respeito: o modo como as nossas crianças ocupam os seus tempos livres, enquanto os pais não as recolhem da Escola.  
E, presentemente, temos problemas, que não sentíamos o ano passado como a falta de espaço físico que se sente com o aumento de alunos. Por exemplo, a sala que serve de refeitório, este ano, já não consegue servir todos os alunos, ao mesmo tempo.  

O que fazer?
O nosso objectivo, também partilhado pela Direcção de Agrupamento, seria finalizar as duas salas de cima e alargar o pátio exterior. Não sabemos se o podemos fazer porque dependerá da Parque Expo e da DRELVT. Entrar para o parque de estacionamento, cimentar e fazer um campo de futebol ou algo do género… Mesmo assim, só poderíamos abrir apenas mais uma turma no próximo ano lectivo.

E duplos turnos como na Escola Vasco da Gama?
Quanto a nós essa seria uma opção desastrosa. Uma coisa é fazê-lo na Vasco da Gama, que reúne condições para tal, outra é fazê-lo na Escola do Parque nas Nações, que não reúne as condições mínimas: apesar do duplo turno, as crianças acabam por se cruzar e nós não temos salas, refeitório ou espaços exteriores suficientes. O duplo turno significaria uma degradação considerável da qualidade da vida escolar dos actuais e vindouros alunos.
Estamos muito preocupados com o futuro. Pode ser que com um forte empenhamento de todas as entidades responsáveis envolvidas e uma eventual ajuda da comunidade escolar e residente se consigam algumas melhorias… Vamos continuar a trabalhar nesse sentido!