Mulheres do Parque

A  ideia que tenho de si é que para chegar aonde chegou teve que “batalhar” bastante. É verdade?
Se calhar a pergunta dá a entender que eu tenho um império e apenas tenho uma “lojita”… (risos), no entanto, não deixa de ser verdade a luta que travei para conseguir levar para a “frente o barco”.

Tem um restaurante aqui na Zona Sul e é também moradora nesta mesma zona. Conte-me como tem sido o seu percurso.
Foi  uma aventura ter iniciado um negócio por conta própria ao mesmo tempo que iniciava a experiência da maternidade. Hoje, após cinco anos,  sei que ambos os projectos requerem uma dedicação total e incondicional. O meu anterior percurso profissional implicava muita disponibilidade de tempo. Os anos estavam a passar, o instinto maternal já batia à porta e achei que se investisse num negócio por conta própria podia mais facilmente gerir o meu tempo! Mas não é bem assim!!…

O que fazia antes de vir para aqui?
Iniciei a minha vida profissional numa multinacional na área da contabilidade e gestão. Aqui ganhei autodisciplina e métodos de trabalho. Mais tarde, experimentei as tecnologias de informação como “business analyst” em SAP, aprofundando o conhecimento em informática. Por último, fui directora financeira de uma PME.

Não tem nada a ver…
É verdade. Embora gostasse do que fazia, a minha actividade absorvia muitas horas de trabalho e sobrava pouco tempo para explorar outros interesses. Decidi então, frequentar um curso de gestão do tempo! Este curso foi determinante na minha decisão de mudar de vida, no sentido de pensar em constituir família e até mudar de ramo de actividade.  

Considera, então,  difícil conciliar a maternidade com o trabalho?
Na minha área, era frequente as mulheres adiarem a maternidade e aquelas que tinham por objectivo chegar ao topo tornavam-se muitas vezes em workaholics. Admiro aquelas mulheres que conseguem o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. No meu caso concreto, apesar de ter passado um período difícil, já não me revejo noutra situação!

E o que é para si viver e trabalhar aqui no Parque das Nações?
É qualidade de vida! Faço a minha vida toda aqui, ando de bicicleta e quase que não tenho que usar outro meio de transporte. Por outro lado, ter as minhas filhas na escola aqui perto (Escola Parque das Nações) é outra grande vantagem pois a sua adaptação foi muito boa. Saberem que têm a mãe por perto deu-lhes muita segurança.

Vamos agora falar um pouco de “negócios”. Pela sua experiência, o que é necessário para “vencer”?
Nos tempos que correm é vulgar assistirmos à abertura de pequenos negócios para daí a pouco tempo os vermos encerrar. De entre muitas razões que certamente serão válidas, penso que existem outras que podiam ser evitadas! Estou confiante que a época do facilitismo e do imediatismo, fenómenos da cultura contemporânea, são responsáveis pela falta de persistência e de brio profissional a que assistimos diariamente, assim como a necessidade de lucro imediato.
Oferecer qualidade no serviço e garantir a sua manutenção, inovar, saber escutar e acolher o cliente, ser verdadeiro, não desistir ao primeiro obstáculo, valorizar as nossas potencialidades, acreditar que é possível construir a equipa certa, e  autodisciplina, são todos factores determinantes no crescimento saudável de um negócio! Mas tudo isto não funciona sem o apoio da grande instituição que é a família! No meu caso é um privilégio ter ao meu lado uma grande mãe! “