Mulheres do Parque

Cristina, fale-me um pouco de si…
Rita, combinámos que não havia perguntas difíceis e começa por deixar-me com pouco “chão”.

Não era essa a minha intenção [risos]…
Tenho alguma dificuldade em falar sobre mim em poucas palavras. Teria imensas coisas para conversar sobre a forma como tenho vivido há 50 anos, dos acontecimentos mais marcantes, assim como dos aspetos mais importantes. Mas, como vou ter que dizer algo, vamos à raiz.
Nasci numa aldeia, nos confins da Beira Baixa, onde me lembro de ter sido inaugurada a luz elétrica e onde se ia buscar água à fonte. Os afazeres eram diferentes consoante a estação. As crianças cresciam saudáveis e os mais velhos eram tratados com respeito. Não havia televisão e dos tribunais falava-se muito pouco.

Essa experiência de vida foi relevante para si?
Foi muito relevante. Todo o conforto que temos hoje e a importância que lhe atribuímos faz-me refletir sobre a direção que damos às nossas vidas.
Penso que nos habituámos a muitos confortos. Achamos que são direitos adquiridos para sempre.
Estamos tão atentos à envolvência que nos esquecemos de Nós.
Uma das frases que oiço mais nas consultas é:
– Não tenho tempo!
E, segundo Dalai Lama, “… Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
E, por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de forma que acabam por não viver, nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido.”
Não creio que sejamos hoje mais felizes.

Escolheu o Parque das Nações para viver e ter a sua clínica. Tudo na zona sul. Isso ajuda-a a ser feliz?
Habito no Parque das Nações desde o ano 2000.
Na altura era uma zona promissora no que respeita à boa qualidade de vida. Hoje confirma-se e sinto-me privilegiada por poder usufruir.
Mais tarde surgiu a oportunidade de me desafiar como empresária e escolhi um local perto de casa.
Sendo fisioterapeuta e Osteopata, desenvolvi um projeto com o objetivo de promover a saúde, que se mantém há 6 anos, agora com uma nova parceria com a escola de judo do Nuno Delgado.

Que sintomatologias lhe aparecem mais na sua clínica? O que recomenda para evitar que isso aconteça?
Os meus clientes/pacientes mais comuns são pessoas vítimas do estilo de vida.
Muitas pessoas passam 8, e mais horas, sentadas a uma secretária. Sentem desconfortos com que se habituam a viver. Quando, finalmente, procuram ajuda há um trabalho de fundo necessário, que passa por alterar (na medida do possível) o estilo de vida.
Normalmente sinto, nas minhas consultas, alguma resistência quando abordo a questão do estilo de vida. Regra geral procuram-se soluções rápidas e com o mínimo de participação. Sabe-se que há manipulações muito eficazes que dão um alívio imediato. Claro que o alívio da sintomatologia é um objetivo comum. Mas não menos importante é prevenir as causas, fazendo uma melhor gestão do estilo da vida.
Senti necessidade de fazer formação em coaching para melhor abordar estas situações.
Penso que a atividade física regular é fundamental, assim como a aprendizagem de técnicas de relaxamento para gerir melhor o stresse.
Como sabe, também dou aulas de Pilates que são um complemento à minha prática clínica.
Nessas aulas promove-se o bem-estar, dando relevância à boa postura, consciência corporal e relaxamento.
A marcha é também uma atividade que recomendo vivamente. Tendo o Parque das Nações como enquadramento, considero obrigatório.

O que considera que faz falta aqui no Parque das Nações? E a nível de serviços?
Considero que falta planeamento no que respeita aos serviços. Há muitos espaços comerciais vazios, muitos a fechar.
Na zona Sul, que conheço melhor, há zonas comerciais com impossibilidade de estacionamento próximo o que limita a boa utilização.
Os transportes públicos na zona Sul podiam ser melhorados.
Posso considerar um incentivo à atividade física…mas não penso que seja esse o objetivo.

Há algo que gostaria de acrescentar sobre o nosso Bairro?
Considero, de momento, o lugar ideal para viver e, pensando no futuro, gostaria que se promovesse um espírito mais comunitário, onde alguém, com tempo disponível, tivesse lugares atrativos de ocupação e lazer.