Mulheres do Parque

Catarina, fala-nos um pouco sobre ti.
Sou a Catarina Figueira, tenho 33 anos e resido há três anos no Parque das Nações. Quando vim morar para o Parque já trabalhava há dois anos no Pavilhão do Conhecimento-Ciência Viva onde coordeno a Equipa de Comunicação e Relações Públicas.
Licenciei-me em Comunicação Social pela Universidade Católica e depois de um estágio na televisão e da experiência do jornalismo em jornais e revistas, rumei a Madrid para me especializar em comunicação institucional, protocolo e relações públicas. Na business school que frequentei na capital espanhola encontrei um ensino muito prático e orientado para desafios e casos concretos do dia-a-dia. No meu trabalho atual faço muito uso do que aprendi com os Public Relations, marketeers, publicitários e jornalistas que foram meus professores em Espanha.
O meu dia-a-dia no Pavilhão do Conhecimento é passado a comunicar a programação deste museu de ciência e tecnologia junto do público e dos jornalistas, através de vários suportes: redes sociais, página de internet, publicidade, brochuras, newsletters, press-releases, etc.. Acompanho os meios de comunicação nas reportagens que fazem no Pavilhão e para quem já foi jornalista é engraçado estar agora do “outro lado”, na posição de responder a perguntas em vez de as fazer. Por vezes a tentação de dizer a um jornalista “faça assim, fale disto, filme aquilo” ainda me assalta…
Gosto de viagens, de livros, de cinema, de fotografia e troco de bom grado um jantar num restaurante por uma mesa aconchegante em minha casa ou em casa de amigos. Ainda não tenho filhos, mas palpita-me que serão um dos meus próximos projetos.

Catarina, depois desta descrição tão boa sobre si, poucas perguntas me restam fazer-lhe [risos]… Mesmo assim, gostava que me falasse um pouco da sua experiência de trabalhar e residir no Parque das Nações.
Posso dizer que conheço o Parque das Nações desde o embrião. Entre 1996 e 1998, nas minhas viagens de transporte a caminho da faculdade, fui seguindo a par e passo as transformações que este espaço foi sofrendo. Primeiro a limpeza dos terrenos, a remoção dos contentores, depois a chegada das betoneiras, dos primeiros prédios, o nascimento desse grande evento que foi a Expo’98 – Lembro-me de achar que a exposição não estaria pronta a tempo da inauguração porque a uma semana da abertura havia ainda tanta coisa por fazer! (pelo menos era o que parecia da janela do meu comboio).
Nessa altura estava longe de imaginar que este viria a ser o meu bairro, a minha primeira morada quando saísse de casa dos pais. E não está nos meus planos mudar de morada tão cedo! Porque é de facto um privilégio viver nesta zona da cidade, num bairro bonito, limpo, com imensos espaços verdes e o rio à mão de semear.

Como caracteriza os residentes do Parque das Nações?
Noto que é um bairro de gente ativa, com consciência cívica e capacidade de mobilização em torno dos assuntos relacionados com a defesa do Parque das Nações.

Considera que existe “espírito de bairro”?
Embora seja um dos bairros mais recentes de Lisboa, é possível fazer vida de bairro no Parque das Nações e privilegiar desta forma o comércio tradicional, algo que me agrada muito. A zona norte, onde resido, tem um bom talho (o Mercado da Carne Gourmet) e um mini-mercado com produtos de grande qualidade, na sua maioria nacionais, onde muitos dos clientes são tratados pelo nome (o Pomar da Rosa). Tem ainda uma livraria feita à medida dos miúdos onde as famílias podem ficar a ler um livro com o Tejo em pano de fundo (a Cabeçudos) e uma casa de chá e scones que convida a um lanche demorado (Saboreia Chá e Café). Para nos manter em forma temos o Clube Tejo, onde o meu marido joga ténis todas as semanas. Já eu elejo o calçadão junto ao rio para as minhas corridas de final de tarde.

Pode considerar-se esse o local de que mais gosta?
Julgo que sim. Aqueles 30, 45 minutos de corrida ao ar livre são óptimos para exercitar o corpo, mas também a mente. Servem para organizar ideias, tomar decisões ou simplesmente libertar o stresse nos dias mais exigentes.
O que considera que faz falta aqui no Parque das Nações ao nível de serviços? Pode ser que algum dos nossos leitores possa ficar interessado na ideia e a implemente.
Falta uma boa padaria, que seja uma mistura entre a boulangerie francesa e a clássica leitaria portuguesa. Estou ansiosa que a “Padaria Portuguesa” cumpra o seu objectivo de ter uma padaria em cada bairro de Lisboa e chegue rapidamente ao Parque das Nações.

Qual é o meio de transporte que utiliza com mais frequência?
Sempre que posso, deixo o carro a “descansar” na garagem e uso a bicicleta nas minhas deslocações até ao meu local de trabalho ou outros destinos dentro do Parque das Nações. Lastimo apenas que não exista na Alameda dos Oceanos e nos troços adjacentes, uma via exclusiva para bicicletas, com um pavimento adequado.

O que gostaria de ver melhorado?
Para quem usa a bicicleta numa base diária, são desencorajadores alguns pavimentos existentes (Alameda dos Oceanos). Outro ponto a melhorar seria o tráfico na Avenida D. João II, nomeadamente o troço entre o Campus Justiça e a Estação do Oriente. Conduzir nesta via, sobretudo de manhã, ganha contornos de uma verdadeira gincana, devido às muitas viaturas de distribuição estacionadas em segunda fila.

E sobre o Pavilhão do Conhecimento?
É muito compensador trabalhar num dos equipamentos mais dinâmicos do Parque das Nações e que mais contribui para o seu fluxo de visitantes. O Pavilhão do Conhecimento é o maior museu de ciência do país e tem como missão aumentar os níveis de literacia científica e tecnológica da população. Ali contrariam-se algumas regras básicas dos museus. Não há placas com avisos de “Não tocar” e o monitor (guia) só olhará para o visitante de lado se o apanhar de mãos nos bolsos [risos]. No Pavilhão do Conhecimento é obrigatório sentir a ciência na ponta dos dedos. Exposições, actividades experimentais, colóquios, encontros com investigadores e actividades outreach fazem deste espaço uma casa de ciência para todos – e não só para crianças, como alguns possam pensar.
Tem muitos visitantes do PN no Pavilhão do Conhecimento?
Os moradores do Parque das Nações acabam por ser visitantes assíduos do Pavilhão e alguns deles já são nossos conhecidos, até os tratamos pelo nome. É engraçado que para muitas famílias o Pavilhão acaba por ser uma rotina de fim-de-semana e aparecem para participar numa actividade de laboratório, visitar uma exposição acabadinha de chegar ou tão-somente tomar o pequeno-almoço! A este propósito, informo que dispomos de um novo restaurante e cafetaria com esplanada, aberto de terça a domingo, das 09h00 às 24h00. Chama-se amo.te ciência e é gerido pelo Grupo amo.te.

Existe alguma campanha específica para residentes no PN?
Os residentes do Parque das Nações acabam por ser um grupo considerável dentro dos sócios do Pavilhão do Conhecimento. A proximidade geográfica é um factor que convida a visitas regulares e nesse sentido o cartão de sócio funciona como uma espécie de livre-trânsito. Mediante o pagamento de uma quota, o sócio pode visitar o Pavilhão as vezes que quiser, durante um ano, e usufruir de outras regalias, como descontos na loja e na livraria.
Há outros dois projectos que merecem ser partilhados com os leitores do Notícias do Parque. Um deles é o Clube de Minitores Ciência Viva. Não é engano, o nome é mesmo este. Quem tem filhos apaixonados por ciência, este clube é para eles. Os “minitores” são monitores em ponto pequeno que ajudam os monitores crescidos do Pavilhão a receber os visitantes, ao mesmo tempo que participam em actividades, exploram módulos e respondem a desafios. Este clube é para crianças dos 8 aos 12 anos e funciona aos sábados à tarde, das 14.30 às 18.30.  
A pensar no público sénior, criámos o Clube C60+. Acreditamos que a ciência é importante para todos, mesmo para quem foi à sua última aula de ciência há muito tempo. Este clube funciona na primeira e na última quarta-feira de cada mês e da sua programação fazem parte actividades de laboratório, ateliês, visitas às exposições, saídas de campos e “Chás com Ciência”, onde convidamos investigadores a uma conversa com os nossos seniores. Todas as informações sobre estes dois clubes podem ser consultadas em www.pavconhecimento.pt

Sócios do Pavilhão do Conhecimento:

Preços:
Jóia – 5€
(apenas paras novas assinaturas)
Assinatura individual – 17,5€
Assinatura jovem / sénior – 9,5€
Assinatura família – 35€
(até 2 adultos e número ilimitado de filhos até 17 anos)

Clube de Minitores Ciência Viva
Quota anual de 35€
Clube C60+
Quota anual de 35€