Mobilidade Suave

Apresentação
Chamo-me Miguel Horta, tenho 42 anos e tenho 2 filhos.

De que forma a bicicleta está presente no dia-a-dia?
É preciso começar por dizer que não sou um utilizador intensivo de nenhum meio de transporte. Optei há algum tempo atrás por organizar a minha vida de forma a não ter que me deslocar muito no dia-a-dia, e, actualmente, bem mais de metade das minhas deslocações são curtas e faço-as a pé.
Mas nas restantes uso a bicicleta sempre que posso. Penso nela como a forma natural de transpor distâncias médias na cidade, principalmente no bairro e nas imediações dele. Uso-a para isso: levo o meu filho à escola, faço compras, trato de coisas em vários pontos na zona e, de vez em quando, pedalo nela até ao centro de Lisboa.

 

Como e porquê começou a relação com esta forma de mobilidade suave?
Comecei a dar usos utilitários à bicicleta há uns 3 ou 4 anos atrás, nas deslocações para as compras habituais para a casa, que costumava fazer à noite, no Centro Vasco da Gama.
Na altura foi simplesmente como quem opta por ir pelas escadas por falta de paciência para esperar pelo elevador. Comecei a achar que sair de casa, pedalar um pouco, prender a bicicleta à entrada do centro e ir buscar o que precisava era mais prático e agradável do que ir fechado no carro, ter que abrir portões, subir rampas, descer rampas, tirar talões, abrir cancelas, estacionar e todas essas complicações de se usar do automóvel.
A partir daí começou a parecer-me também mais prático e agradável usar a bicicleta para outras deslocações e, gradualmente, fui aumentando esses usos.
E é justo dizer ainda que, no início e agora, teve e tem muita importância, como inspiração para este meu processo de adopção da bicicleta como meio de transporte, o exemplo dado por outros ciclistas.

Que importância tem para a sua vida?
Hoje o uso da bicicleta é um factor de bem-estar para mim. Se começar a manhã com uma deslocação de bicicleta chego ao meu destino incomparavelmente mais descontraído e bem disposto do que se for de carro. E é claro que a partir daí tudo me corre melhor pelo dia fora.
São vários os efeitos destas deslocações que justificam resultados tão positivos. O primeiro efeito é físico: andar de bicicleta é um exercício saudável. Depois, enquanto pedalo sinto o ar na cara, “sinto” a cidade, ligo-me a ela numa relação próxima, directa e boa. Também muito e cada vez mais importantes para mim é a noção dos efeitos que poupo ao ambiente ao não usar o carro, e a consciência de estar a dar, principalmente aos meus filhos, um exemplo de empatia e cuidado com o planeta. Soma-se ainda ao resto uma outra coisa interessante: a utilização da bicicleta é um processo que iniciamos no lugar em que estamos e terminamos noutro – para onde, precisamente, queríamos ir.