Jaguar XF 2.2D

Andar num Jaguar é algo que me transporta para a minha infância, onde a mística já existia, o status estava criado e o cuidado ao nível do detalhe igual. Nesse tempo, Jaguar era também sinónimo de grandes motores a gasolina.
Anos mais tarde (muitos mais!)  ensaiar um Jaguar é algo que o escriba tem dificuldade em isentar-se de emoção, pois se hoje a marca mudou de proprietários,  já usa motores diesel  e até já são mais acessíveis,  não mudou em nada o peso que o nome ainda ostenta.
Um Jaguar é quase como Fernando Pessoa quando se referiu à  Coca Cola – primeiro estranha-se, depois entranha-se  – é difícil ficar-lhe indiferente. A marca junta-se assim ao restrito segmento premium onde pontuam a germânica Mercedes, a sueca Volvo e a japonesa Lexus.
Se, na versão anterior o XF já nasceu belo, hoje assume-se ainda mais esbelto, com linhas mais estilizadas e um maior recurso aos faróis de LED. A dianteira surge mais “felina” e o interior, diferencia-se pelo cuidado no detalhe, pelo rigor, mas também pelo bom gosto. A par dos plásticos moles, só temos pele a cobrir o tablier num tom acastanhado, que condiz com a multiplicidade de madeira a bordo.
Mas as atenções recaem invariavelmente para a caixa de velocidades que, na simplicidade de um botão rotativo, demonstra a validade do conceito. O que dizer dos motores que abrem as condutas do sistema de refrigeração! Detalhes? Sim! Mas diferenciam num segmento onde tudo é standard.
Ao longo do ensaio (que mais pareciam as nossas férias, onde aí contamos os dias que faltam para voltar de novo ao trabalho, neste caso contamos os dias para o devolver à Jaguar), delicio-me com a disponibilidade do motor, com a caixa de 8 velocidades, com a suavidade do conjunto, com o comportamento, mas, sobretudo, com o conforto. Gostaria talvez que o motor não se ouvisse tanto (embora não seja exagerado) no interior e que o travão de mão elétrico fosse automático (assim que parasse, ele ligava). Mas são meros apontamentos num modelo que tem tudo para ser um sucesso nas nossas estradas.
Tem preço (70.000€ carregado de extras), qualidade, rigor e prestígio, iguais à concorrência. Diferencia-se em alguns pontos. E para quando novo ensaio a este mesmo Jaguar? Agora, podia ser numa outra cor!