“Impacto positivo”

Para quem não sabe, qual é o papel de uma Estação de Tratamentos de Águas Residuais?

Uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) destina-se a tratar as águas poluídas resultantes da actividade humana, bem como de processos industriais, de forma a permitir que a água tratada seja descarregada para os meios receptores com características compatíveis com os mesmos (de acordo com parâmetros definidos por legislação específica, e que dependem de meio receptor para meio receptor). Dependendo da linha de tratamento existente na ETAR, a água tratada poderá ser reutilizada em fins compatíveis, tais como, as lavagens internas da ETAR, como água de processo, lavagem de ruas e rega, entre outros (as possibilidades de reutilização dependem do grau de depuração da água). Do processo de tratamento resultam, ainda, lamas, que poderão ser valorizadas; numa primeira fase podem ser sujeitas a processo de digestão anaeróbia que permite a produção de biogás, utilizado para produzir energia eléctrica que é usada internamente ou vendida à rede. As lamas desidratadas finais, desde que cumprindo parâmetros adequados (também definidos por legislação específica), são utilizadas na agricultura como fonte de matéria orgânica e nutrientes. A ETAR é muito mais que um local onde “entram águas sujas e saem águas menos sujas”. A ETAR de Beirolas dispõe de todas estas potencialidades, ou seja, produz água com potencial de reutilização interna e externa (que é efectiva internamente, e que se estenderá ao exterior em breve), produz cerca de 40% da electricidade que consome a partir das lamas, e envia estas para valorização agrícola.

Para onde vai a água que é tratada?

A grande parte da água tratada é descarregada no Rio Tejo. Uma pequena parte da água tratada (não esquecer que a ETAR trata cerca de 50.000.000 de litros todos os dias), tal como indicado anteriormente, é reutilizada internamente.

É frequente, em alturas de odores mais intensos sentidos no Parque das Nações, principalmente na Zona Norte, as pessoas pensarem que vem da ETAR. No final do mês de Julho e, agora, em Outubro, foram sentidos novamente, porquê?

Uma ETAR é uma “fábrica” onde a “matéria-prima” (água residual) e parte dos “sub-produtos” (lamas, entre outros) libertam odores. De forma a impedir que os odores se propaguem para fora das instalações, os locais e processos onde ocorre a libertação de odores têm de ser cobertos e o ar aí existente captado e enviado para processos de desodorização. É isto que acontece na ETAR de Beirolas. No entanto, é sempre possível existirem falhas pontuais nos sistemas de desodorização e haver libertação pontual e odores, situações que se pretendem ser diminuídas ao mínimo. Apesar de situações pontuais, considera-se que, regra geral, o impacte da ETAR de Beirolas em termos de odores é positivo. Está previsto no plano de investimento da SimTejo a ampliação/beneficiação da ETAR de Beirolas durante a qual se pretende reforçar o sistema de desodorização com a cobertura dos decantadores primários, ainda a céu aberto. A concretização deste investimento terá um atraso face à conjuntura económica que o país e as empresas atravessam. De referir, ainda, que em 2009-2010 foi realizada intervenção no sistema de desodorização da ETAR, tendo-se duplicado a capacidade de desodorização de uma das duas linhas existentes.

Nem sempre os maus odores são provenientes da ETAR. Por vezes, surgem das marés vazias, do calor, ou da separação dos lixos feita próximo das vossas instalações, certo? Como podemos distinguir umas situações das outras?

O “mau cheiro” é “mau cheiro” pelo que dificilmente as pessoas “normais” conseguirão distinguir os odores. No entanto, narizes treinados permitem distinguir a origem dos odores, sendo o cheiro das ETAR diferente do cheiro do lixo, etc.. Em alguns dos casos a ETAR de Beirolas acaba por ser “acusada” da origem dos maus odores sem o ser, de facto. Na área da Expo há outros locais onde se podem originar odores, designadamente, o sistema de recolha de lixos e os estaleiros localizados à volta da ETAR. Nos dias de vento sul é normal haver um odor generalizado (não só na Expo, mas em toda a cidade) que é proveniente da fábrica de pasta de papel localizada em Setúbal.

Até que ponto é que a desodorização pode ser falível?

Tal como referido anteriormente, e tal como acontece com a maioria (totalidade?) dos equipamentos, poderão ocorrer falhas. No entanto o registo de avarias que colocam em causa a desodorização tem sido muito reduzido.

Que conselhos dá aos utilizadores para que as águas residuais, que saem de nossa casa para a ETAR, possam estar menos contaminadas?

As ETAR estão preparadas para tratar as águas residuais provenientes da actividade humana e permitem responder (até um certo limite) aos “maus comportamentos” dos utilizadores. Nas nossas casas não deveremos permitir que resíduos sólidos sejam enviados para o esgoto (o papel higiénico é um papel especial que se desfaz com água, ao contrário dos guardanapos, por ex.) o mesmo se passando com óleos alimentares. Temos de enviar para o lixo tudo o que é lixo! Pode parecer inacreditável, mas os cotonetes são uma fonte de problemas, provocando o entupimento de equipamentos que podem levar a que haja esgoto que não seja tratado devidamente. Nós pensamos que o “nosso” cotonete não faz mal, mas o problema é que todos juntos somos muitos e o tal cotonete transforma-se em muitos milhares.