Podemos ainda afirmar que se trata de um público com formação superior (isto porque a nossa base de contactos a quem divulgamos as conferências é constituída por profissionais do ramo da construção) e, em grande maioria, trata-se de decisores no auge da carreira – decisores de hoje e de amanhã.
Que reacções têm tido os oradores ao público português e a Portugal?
Todos os oradores demonstram-se surpreendidos com a adesão do público às conferências, também porque estão conscientes de que os temas apresentados e a debater constituem a crista da onda e não a actualidade comum…
Tratando-se de sessões com duração de 3 horas, sem intervalo, das quais mais de uma hora é dada à interacção entre orador e participantes, todos os oradores comentam ser admirável quantos participantes colocam questões permanecendo até à última troca de palavras.
Em relação às questões colocadas verificam-se níveis de conhecimento distintos mas o interesse é muito vivo e este facto é motivador! A Portugal os oradores internacionais reagem sempre muito bem… temos um país extremamente atractivo! Também o clima se tem demonstrado ameno nos dias das conferências, completando a muito boa impressão…
Quais os momentos mais marcantes?
Como coordenadores do ciclo de Conferências HUMAN HABITAT 2010, temos o privilégio de partilhar entre a chegada e a partida, alguns momentos marcantes com os oradores convidados, ganhando conhecimentos para além daqueles que eles conseguem comunicar nas três horas de duração das conferências. Também temos a oportunidade de mostrar Lisboa aos oradores internacionais, colhendo comentários de como também a nossa cidade se consegue desenvolver!
A título de exemplo, mostrei ao Professor Klas Tham a nossa nova Praça do Comércio, tão árida, suspirando que se tornou mais um factor de alienação para os cidadãos… mas a reacção dele foi extremamente construtiva: “Apesar da praça em si não prever para os passantes qualquer medida de conforto ambiental, de aconchego e protecção das intempéries, se se conseguir introduzir uma forte dinâmica ao longo das arcadas que a envolvem, dando-lhes vida e utilidade que sirva um público alargado, resulta que o conjunto, incluindo a praça, poderá funcionar muito melhor como um todo…”.
O Professor Karl-Henrik Robèrt, por sua vez, deixou bem claro que o principal desafio é tornarmo-nos competentes nas áreas em que Portugal pode evoluir positivamente – se a eficiência energética do meio edificado e as energias renováveis tiverem o espaço de que necessitam para desenvolver e, se conseguirmos assimilar os conhecimentos e competências nas áreas relevantes, temos todas as hipóteses para virmos a ser uma sociedade sustentável, com um bem-estar alargado.
Todos os oradores convidados falam-nos na necessidade de mudarmos e em sustentabilidade. Com enfoques em áreas diferentes os oradores convidados partilham as suas visões robustas, visões que nos demonstram que fica muito por realizar, que precisamos de repensar e reformular, para nos tornarmos mais amigos de um planeta mais equilibrado.
Umas palavras sobre o último encontro?
Na última conferência o orador convidado foi o Professor Michael Braungart. Ele é um líder na área dos ciclos de produção industriais e dos ciclos de vida dos materiais. Como especialista em química, desenvolveu e está a passar à prática, fórmulas inovadoras que tornam renováveis os ciclos de vida dos produtos ao nosso serviço e daqueles que consumimos. O desafio que coloca é para contemplarmos todos os produtos e equipamentos cuja função é prestar serviços, apenas como “nutrientes” ao chegarem ao seu fim de vida útil – nutrientes os quais, de seguida, serão transformados em gerações futuras de produtos e de equipamentos. Para além das fórmulas e processos que permitem este contínuo reaproveitamento dos recursos finitos, o Professor Michael Braungart diz que tudo que fazemos precisa de ser reinventando. Ele apresenta novos modelos económicos e de
propriedade: Quando um produto ou equipamento presta um serviço útil às pessoas, basta transaccionar o próprio serviço. Desta forma o produto / equipamento permanecerá na propriedade da empresa produtora sendo por esta recolhido, em fim de vida, para ser novamente reintegrado nos novos ciclos de produção. Desta forma, as empresas fornecedoras destes produtos / equipamentos tornam-se os bancos de
recursos.
A próxima conferência HUMAN HABITAT 2010 terá lugar no dia 7 de Junho, sendo o orador convidado o Dr. André Heinz, que já há mais de uma década trabalha com o Professor Karl-Henrik Robèrt e com o Professor Michael Braungart. Nesta Conferência o Dr. André Heinz abraçará a questão mais larga que constitui o desafio da sustentabilidade urbana, sobrepondo-lhe a realidade sócio-económica dos municípios à qual acrescenta alguns dados demográficos relevantes.