Gabriela Mota

Nome: Gabriela Mota

Auto-retrato
Sou a Gabriela, 31 anos, moradora no Parque das Nações há 6 e desde o primeiro dia, fã número 1 deste lugar “à beira rio plantado”. Sou portuense de gema, mas despedi-me da minha linda cidade para ir para a universidade, licenciei-me em Estudos da Comunicação em Cambridge, Reino Unido, e depois de 4 anos de braço dado com o tão conhecido clima britânico, quis viver o meu American Dream e fui viver para Miami, no estado solarengo da Florida. Depois de 5 anos como “emigrante feliz” regressei a Portugal, com as bagagens repletas de experiências únicas e a certeza que existe um mundo lá fora, e que foi um enorme prazer conhecê-lo. Quem sai, é certo que normalmente tem algumas dificuldades em regressar, e manter o corpo e o coração no mesmo lugar. Eu debati-me, e ainda me debato com esse dilema e com as saudades, mas com o passar do tempo, consegui criar uma ligação fortíssima com este bairro e não o trocaria por mais nenhum outro em Lisboa.

A minha relação com o Parque
Sou activa, não consigo estar parada muito tempo. Fui mãe o ano passado e sou uma dona babada de um Labrador Retriever de 7 anos. O facto de ter o meu cão, aliado à minha forma de estar na vida, fez com que desde sempre a minha relação com o bairro fosse “em movimento”. Não me lembro de uma semana nestes últimos 7 anos, que não percorresse o parque de uma ponta a outra, sul – norte e norte-sul. Jogging, de bicicleta, a pé, com o meu cão, com o meu marido ou com a minha filha, todos os dias percorro estas ruas, passo pelas mesmas árvores e jardins, contemplo o rio Tejo e todos os dias digo a mim mesma que sou uma privilegiada. A minha relação com o Parque é uma relação saudável e dinâmica. É aqui que faço as compras, que o meu cão vai ao veterinário, que nós vamos ao médico, que faço exercício, que passeio, que apanho os meus familiares na estação de comboio. No fundo a minha vida em Lisboa é o Parque, uma mini cidade dentro da cidade.

O que desenhava e o que apagava
Graças a Deus que não existem lugares perfeitos, porque, se assim fosse, estaríamos todos lá, e rapidamente a perfeição deixaria de existir. Se me pedissem para classificar o Parque de 1 a 10, penso que atribuía um honroso 8. Os dois em falta seriam certamente pontos de melhoramento, nada de muito radical ou profundo e provavelmente não existiriam, se não estivéssemos a atravessar este momento de crise.
Gostaria de ver a zona Sul, em especial a zona à volta da marina, com mais vida, com comércio de rua a preencher as lojas vazias e abandonadas, o que iria melhorar a oferta de serviços para os residentes e atrair mais turistas, que parecem não ter vontade de passar além do Oceanário. Melhoraria o policiamento, penso que o que existe de momento não é suficiente, principalmente durante a semana, de forma a transmitir mais segurança, proteger os moradores e o controlo de estacionamento que, recentemente, passou a ser um caos desde que o parque da marina passou a ser pago. Melhoraria a calçada em certas zonas, que com o tempo e com as raízes das árvores, ficou bastante degradada e construía um parque fechado apenas para cães, para poderem usufruir, em pleno, de um espaço sem restrições. Construiria também mais opções de parking para bicicletas, de forma a que os postes e as árvores não fossem a única forma de estacionar e, consequentemente, incomodar a natureza e os transeuntes.