Faces – Pessoas do Parque

Auto-retrato
Sou uma força da natureza, nascida em Abril, em pleno coração alfacinha: o Chiado. Foi, aliás, nesta zona fantástica, repleta de uma energia contagiante e universal, que grande parte da minha vida se desenrolou.
Aqui nasci, frequentei os 4 anos de Faculdade e trabalhei durante 2 anos na área da Comunicação e do Marketing.
No dia 1 de Março deste ano, mudei para outra empresa e estou novamente entre o Bairro Alto e o Chiado, mais feliz do que nunca, a iniciar uma nova etapa da minha vida, e a sentir o pulsar diário do Coração desta cidade linda que é Lisboa.

Licenciei-me em Marketing e Publicidade. Depois de ter trabalhado como Copy numa agência de publicidade e em produção de Televisão com o Júlio Isidro, decidi deixar tudo e todos e parti sozinha para Londres, à procura de mim e de mais Mundo.
Aqui vivi durante um ano, a trabalhar como “Au Pair”, a estudar e a explorar todos os cantinhos daquela gigantesca cidade pela qual me apaixonei aos 14 anos, quando a visitei pela primeira vez, com os meus Pais.
Mudei-me para Sheffield durante mais um ano, onde concluí o mestrado em Marketing Internacional, deixando definitivamente para trás o sonho de ser Actriz e Jornalista, mas sem nunca largar o bichinho da representação… e o da escrita!
Em 1997 regressei a Portugal com excesso de bagagem devido a livros, mapas, postais, música, fotos… e tantas outras coisas que acumulei ao longo de dois anos numa cidade que é um Mundo, e também na viagem ao meu próprio Mundo que cresceu, ganhou muitas cores vibrantes e enriqueceu com experiências, aventuras e pessoas inesquecíveis…

Comecei a trabalhar na área da comunicação online / digital, e não mais parei. Desde criar a primeira livraria portuguesa exclusivamente online, passando pela edição de revistas de tecnologia e da coordenação dos eventos associados a três estações de Rádio, fui ganhando e acumulando novas experiências, mais Mundo, mais pessoas, novos caminhos, sempre em busca da paixão pelos projectos em que estava envolvida.
Nunca desisti de procurar o que me fazia mais feliz, nos momentos em que sentia que um projecto já não me fazia acordar de manhã cheia de energia e vontade de encarar o dia, fizesse Sol ou Chuva, Calor ou Frio.

Sou movida pela Paixão, pelas Emoções, pelas Pessoas com quem interajo, e não consigo viver de outra forma – uma vivência plena, de entrega completa em tudo o que faço e com todos os que mais amo, em cada segundo dos meus dias, em cada pulsar do meu coração…
Luto pelos meus Sonhos, sempre… mesmo que por vezes não os alcance, tenho de sentir que estive na frente da batalha para os conquistar.

Amo a Vida! Adoro viajar, mergulhar em novas culturas, experienciando outras formas de estar e Ser, outras perspectivas de vida. Não respiro sem música, não viveria sem fotografar e sem escrever. Adoro ver um bom filme numa ampla sala de Cinema. Nada substitui o Grande Ecrã.
Os livros são grandes companheiros nos poucos momentos livres que tenho, assim como longas conversas com amigos pela noite fora, saboreando um um bom vinho, com a intensidade da chama das velas de uma mesa bonita. Também o mar, o Yoga, caminhadas na praia ou à beira-rio sempre acompanhadas de boa música, os amigos, a família e a ternura da minha cadela, são fontes de equilíbrio na minha Vida.
Aprendi a ganhar espaço e tempo para conciliar tantas paixões com a correria dos dias frenéticos, mas é uma aprendizagem contínua…

Uma história para contar  
O Amor… Num Abrir e Fechar de Olhos. Caminho ao longo do Rio, na ponte de madeira mesmo junto à margem…
A maré está baixa e mesmo já sendo noite, consigo ver o ondulado assimétrico das areias escuras que se deitam sob as águas calmas.

As luzinhas da outra margem brilham no caudal enorme de água do Tejo. A noite está tão tranquila como o Rio, que serpenteia, deslizando num ritmo brando, suave e sussurrante… Fecho os olhos e ouço o leve bater das pequenas ondas que se espreguiçam na margem, mesmo junto aos meus pés. Lembra-me o Mar… É quase mar, afinal!

A Lua e as Estrelas miram-se vaidosas no espelho de água do Tejo, e cintilam alegremente, como se estivessem a celebrar algo. Talvez estejam. Afinal, hoje é dia de São Valentim. O dia em que se celebra o Amor, a Paixão…

No que me toca, todos os dias são de Amor. Amor por mim, pelos outros, pela natureza, pelo que gosto de fazer… Mas há momentos únicos, momentos bonitos que irei guardar para sempre na memória.
Do dia de hoje, ficarão para sempre dois momentos únicos, inigualáveis, pelo carinho, pela Amizade, pela espontaneidade e ternura que representam.

Tomava um café com a Bruxinha (uma amiga cujo nickname do mundo digital é este…) no sítio do costume. Estava um dia de Sol fantástico!
Parecia já Primavera…
Na mesa ao lado, Ela acabava de chegar com uma Geribéria cor-de-rosa na mão com um longo caule. Ele, já estava sentado há algum tempo no café, e lia o jornal, tranquilamente, acompanhado de um copo de galão já vazio, e um pires que teria sido de uma torrada.
De pé, em frente a Ele, Ela sorriu. Debruçou-se sobre a mesa e ofereceu-lhe a Geribéria fresca, dizendo:
– “Toma. Isto é para ti, meu querido.”
Ele sorriu enternecido, deu-lhe um beijo carinhoso e ficou a olhar enternecido para a flor que acabara de receber…
– “Obrigado, obrigado, é linda…”

Embevecida, ela retirou do saco uma pequena caixinha de cartão e colocou-a sobre a mesa. Tinha uns biscoitos caseiros lá dentro.
– “Trouxe para ti” – sorriu Ela, com ternura.

Ele preferiu comer em casa, mais tarde. Ficou a sorrir para ela durante mais alguns longos segundos.
Uma cena de filme, bonita, cheia de ternura.
Ele e Ela. Juntos, celebravam à sua maneira todo o Amor, Carinho, Amizade, e Respeito que nutrem um pelo outro. Ele e Ela. Com um percurso longo de Vida.
Ele e Ela. Na casa dos Setenta e muitos anos… Ele e Ela. Sempre.

Sorrimos embevecidas ao assistir àquele momento e olhámos uma para a outra, sem palavras.
Ambas sentimos toda aquela emoção contagiante.
Ambas sentimos que, nos dias de hoje, já são raros aqueles exemplos. Mas aquele, aquele ficará para sempre na nossa memória.
Será um filme real, bonito e eterno.

– “Flores?… São lindas, adoro!” confidenciei à Bruxinha.
– “Nunca recebi flores…” continuei.
Uma coisa aparentemente tão simples e, no entanto, totalmente inédita para mim. A Bruxinha não queria acreditar!
– “Quê? Impossível!”, reclamou ela com o seu olhar lancinante, afiado e capaz de atravessar qualquer coisa ou qualquer um, revoltada contra aquela impossibilidade!

Pois é, às vezes não é preciso inventar a Roda. É tudo tão simples e tendemos a complicar tanto…
Continuámos à conversa e mudámos de assunto.

Num abrir e fechar de olhos e já perto da segunda parte do curso, a minha amiga foi comprar água, enquanto eu fiquei a despachar uns telefonemas.
Num abrir e fechar de olhos, dei comigo sem palavras.
Num abrir e fechar de olhos, fiquei paralisada.
Num abrir e fechar de olhos, não contive mais algumas lágrimas.
Porque num abrir e fechar de olhos… surge a Bruxinha com uma Rosa Azul lindíssima na mão, estende-ma, e num abraço sorridente que mal sou capaz de acolher, segreda-me ao ouvido:
– “Agora já não podes dizer que nunca recebeste uma flor na Vida! Vale mais uma boa Amizade do que um Amor descolorado!”

Num abrir e fechar de olhos… tanta coisa aconteceu, ali.
Num abrir e fechar de olhos, uma mistura explosiva de sentimentos invadiu-me a mente, e levou-me numa viagem por algumas etapas da minha Vida.
Num abrir e fechar de olhos, muita coisa fez sentido para mim…
Num abrir e fechar de olhos…

Num abrir e fechar de olhos o dia chegou ao fim…
Caminhava agora junto ao Rio. E Sorria.
Sentia a brisa leve no rosto, e ouvia o suave esbater das pequenas ondas na margem.
Olhei para as luzinhas que reluziam do outro lado da margem, bem ao fundo.
E no céu, lá estava a minha constelação de sempre, a Ursa Menor. É minha, porque desde criança que a identifico no céu, no meio de todas as outras. E passou a pertencer-me.
Em criança, pedia desejos, conversava com ela e confiava-lhe os meus segredos.

Num abrir e fechar de olhos, cresci, tornei-me mu-lher. Mas jamais perderei a capacidade de Olhar e Amar que sempre fez parte de mim.
Amo cada momento de Vida. E por isso todos os meus dias são Dia de São Valentim. Apaixonados, ternos, atentos às pequenas coisas da Vida. E feliz, por estar rodeada de pessoas assim… bonitas, amigas, que se preocupam e cuidam…
Caminho ao longo do Rio… Sorrio.

Como é que construiria uma cidade
Não detenho conhecimentos suficientes para ter uma opinião formada de como deveria ser construída uma cidade. O que me parece é que há tantos e tão bons exemplos de Cidades construídas com base em políticas de sustentabilidade e de humanização, que por vezes penso como é que possível que os nossos dirigentes e responsáveis por tais pelouros – que viajam, conhecem, discutem e têm conhecimentos técnicos para definir orientações – não sejam capazes de trazer as melhores práticas para Portugal. E, por vezes, passados poucos anos de se construir uma Cidade, quase que seria necessário deitar tudo abaixo e construir de novo, porque não houve uma previsão devida de desenvolvimento das áreas.

O lugar favorito
O meu lugar preferido no Parque é a travessia do pontão de madeira, onde quase toco no Tejo, sinto o cheiro a maresia nos dias em que o rio está inspirado pelo mar, ouço o bater das águas e sinto a força das correntes e do vento… Neste local sinto-me em contacto pleno com todos os elementos da Natureza…

O que desenhava
– Mais esplanadas e Casas de Chá, bonitas e abertas até tarde, junto ao Rio.
Falta outro tipo de vida nocturna no Parque.
– Mais espaços para praticar Tai-chi.
– E… um Labirinto! 🙂
Partilho da mesma visão de Jacob Needleman quando disse que “Nascemos para o Sentido, não para o Prazer, a não ser que esse Prazer esteja embebido de Sentido”.
Hoje em dia fala-se muito da procura de Sentido para a Vida, da busca da Felicidade. Vendem-se milhares de livros de auto-ajuda porque as pessoas se sentem um pouco perdidas em relação ao significado que as suas vidas têm numa Sociedade que está em constante mudança.
Em parte, as sociedades cresceram tanto que perderam os seus traços de personalidade… Há uma desorientação generalizada na procura da Essência do Ser.
Vejo o Parque das Nações como uma das poucas zonas da Cidade de Lisboa onde há espaço, tempo e uma nova energia para acalmar a mente, ganhar qualidade de vida, e onde a Tecnologia, a Inovação e o Design se cruzam e encaixam, originando espaços Humanizados. No Parque, é frequente ver pessoas a caminhar à beira Rio, a fazer jogging, BTT, Tai-chi, ou aqueles que simplesmente descansam sentados ou deitados na relva dos parques, a sós, ou na compa-nhia de amigos. Em suma, há espaços e tempos para saborear a vida, para nos sentirmos, para… abrandarmos o passo acelerado dos Dias.
E como surgem aqui os labirintos?

Existem dois tipos de labirintos: com Encruzilhadas e os Circulares. Os primeiros são puzzles analíticos que nos pedem uma resolução. Os segundos são uma espécie de meditação em movimento. Se as Encruzilhadas nos podem desorientar, porque nos podemos perder fisicamente, os Circulares concentram a nossa atenção e podem levar-nos a perdermo-nos a nós próprios, estimulando o lado direito do nosso cérebro (mais emocional), enquanto os primeiros estimulam o lado esquerdo (mais racional).
Existem mais de 4.000 labirintos circulares públicos e privados nos Estados Unidos, continuando a surgir cada vez mais com muita popularidade, num momento em que a Humanidade procura respostas que vão para além das vias mais tradicionais (Religião, Família, etc). Um crescente número de pessoas está a descobrir estes labirintos como o caminho para a oração, introspecção e cura emocional.
Quando descobri esta máteria referente aos Labirintos, senti de imediato que o primeiro deveria nascer no Parque das Nações.

O que apagava
Alguns Bares da zona Norte…  🙂