Faces – Pessoas do Parque

Há um pensamento que me ocorre cada vez que entro em Lisboa pela ponte Vasco da Gama – o meu bairro é o máximo! Normalmente, olho para a zona a partir desse ponto superior e sou abraçada por um aura de bem-estar e de tranquilidade, acompanhada da vaidade pela modernização que vejo e tanto aprecio.

Sou Setubalense de gema, embora já sem sotaque! Nasci e vivi numa zona central desta cidade, perto do rio, perto da serra, com cultura bairrista, brincadeira de rua e facilidade de conhecer “quase toda a gente”. Como a maior parte dos jovens, ao ingressar no ensino superior, mudo-me de armas e bagagens para Lisboa, para bem perto do Técnico, onde me licenciei em Engenharia Electrotécnica. É nessa altura que experimento todo um novo ambiente citadino que difere muito daquele a que me habituara…em muitos casos para pior. Mas não me deixo abalar, achando e comprovando a existência de outras vantagens próprias da metrópole fervilhante que pesam bastante na minha avaliação.

Mais tarde, no início da vida profissional, participo numa das grandes obras públicas da altura, a nossa, aqui ao lado, a “minha” maravilhosa Ponte Vasco da Gama, que hoje, nas vésperas de dias feriados, se enche de luz mostrando a sua imponência e arquitectura moderna. É com orgulho que a observo da minha janela no Parque. Foi também a partir dela (PVG) que observei o Parque pela primeira vez e foi, a partir deste momento, que começou o enamoramento.

Mudei-me há 10 anos para a zona Norte do Parque e ainda hoje acho que foi uma das grandes decisões de uma vida. Aqui encontrei o meu bairro, a pouco e pouco os meus amigos que foram chegando, a tranquilidade ao fim-de-semana, a luz, o verde, os passeios junto ao rio e tudo isto dentro da grande metrópole.

No Parque, também nasceu o mais novo membro da família que, tal como eu, muito aprecia os passeios ao ar livre, o bairrismo e as brincadeiras de rua.

No campo profissional, as telecomunicações móveis são a minha área de especialização, campo onde permaneço até hoje, a somar a algumas experiências de docência universitária.
Também neste contexto, o Parque serviu de exemplo na mostra de problemas relacionados com a propagação electromagnética, soluções de implementação e boas práticas.

Naturalmente que durante este período, ocorreram muitas mudanças no Parque e também em nós próprios, para melhor e para pior.

A banir, saliento o ruído, a velocidade do trânsito automóvel, a construção desenfreada e alguma falta de civismo daí decorrente…

Nos temas “mandatórios e urgentes”, coloco o centro de saúde e o acesso à escola pública aqui ao lado.
Demoro-me um pouco mais neste tema por ser mãe, por me preocupar, e por ter fé no ensino público…refiro-me ao quase acto heróico – o de conseguir matricular um filho na escola (pública) Vasco da Gama que fica a escassos 50 metros de casa. Essa seria uma das mudanças mandatórias e urgentes, que gostaria de ver implementada no meu Bairro, i.e. dar prioridade de admissão às crianças que aqui moram e que fazem parte desta comunidade.

Foi com alegria que li uma notícia sobre uma nova escola pública na zona sul, esperando que essa possa ser mais uma solução para este problema.

Saliento também os pontos positivos, como o aumento do parque empresarial, especialmente na área das telecomunicações e tecnologias de informação, o aumento da oferta e da qualidade dos estabelecimentos comerciais e a segurança que se tem conseguido manter, apesar de nos encontrarmos às portas de algumas zonas problemáticas.

Como o tempo não anda para trás e é um bem escasso e precioso, faço o “impossível“ para aproveitar tudo o que está à minha volta, centrando-me no bem-estar que esses momentos me proporcionam.
Para terminar, perguntam-me sobre o meu lugar favorito? A minha janela com vista para a modernidade.