Editorial

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Fazer algo pela existência humana. Dar algo em troca. Repor o equilíbrio.

O mais curioso foi, ao olhar para aquele grupo de jovens, sentir, verdadeiramente, que a missão deles tinha, apenas, um sentido: Dar. E, no entanto, estão todos a receber, sem ter pedido nada. E essa é a beleza da coisa. Para quem dá, sem querer nada em troca. E é isso que ainda consegue ir repondo o equilíbrio no mundo.
Fui ter, num domingo passado, com alguns dos elementos que estão à frente do Refood Parque das Nações. A Inês Andrade tinha-me pedido se podia fazer uma chamada de capa apelando ao voluntariado para este grupo. Claro que sim. Pelo Refood que precisa de voluntários e pelos futuros voluntários que precisam do Refood para conseguirem dar um pouco mais de verdadeiro significado à sua passagem pela vida.
Não vou estar com grandes lições de moral sobre a importância do nosso papel e o que devemos ou não fazer, mas, a verdade é que devemos, por vezes, parar um pouco para pensar naquilo que estamos a fazer, no legado que estamos a deixar, no contributo que estamos a deixar para a humanidade, para o nosso planeta. O que realmente, nós, como seres, estamos a fazer e de que forma é que isso contribui para o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos.

Ao olhar para aqueles miúdos e enquanto eles começavam a chegar, lá do fundo, para fazermos a fotografia para a capa desta edição, poderia dizer que vinham montados em cavalos brancos, com umas armaduras brilhantes e prateadas, mas não.  Algo muito mais simples, bonito e inspirador. Porque são as coisas simples e puras que nos inspiram verdadeiramente e que fazem a diferença. Um grupo de jovens, simples, que dedica um pedaço da sua vida a ajudar os outros. Não por mérito, dinheiro, reconhecimento, fama, currículo, interesses, apenas, porque sim. Porque sentem essa vontade, esse impulso. E isso é inspirador e reconfortante e, também, a chave deste grande enigma que é: Como é possível, ainda, andarmos todos vivos e por aqui. Algo simples, generoso e espontâneo, no meio desta gigante missão que é, dia após dia, tentar que o mundo não tropece, com toda a sua beleza e grandeza, para dentro de um grande buraco negro.