AMCPN responde a Loures

Resposta da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações

Em declarações publicadas em artigo de hoje, no jornal Público, com o título Loures avisa que entregar a Expo a Lisboa é “abrir a caixa de Pandora”, o Presidente da Câmara Municipal de Loures, Eng. Carlos Teixeira, acerca da justamente pretendida criação da freguesia do Parque das Nações, faz afirmações que não podem deixar de merecer o mais veemente repúdio desta Associação.

É que, desde logo, afirmar que, relativamente à criação da freguesia do Parque das Nações, “a maioria das pessoas não sente essa necessidade, está-se marimbando se a sua casa fica em Lisboa ou em Loures. O que lhes interessa é haver uma boa gestão”, ou é “número” do carnaval de Loures e, nesse caso, o Eng. Carlos Teixeira estará desculpado, ou mostra bem a sua ignorância sobre o que pensam e sentem as pessoas de uma parte do território do seu concelho. E isso é muito grave.

Efectivamente, considerar que a população do Parque das Nações se está marimbando se os seus filhos frequentam equipamentos escolares públicos no seu bairro, ou em Sacavém, Bodadela, Camarate ou outras localidades do concelho de Loures, longe das suas casas; se utlizam equipamentos de saúde no Parque das Nações ou em Moscavide ou Camarate; se são servidos por Repartições Públicas, nomeadamente, Finanças, Conservatórias, Tribunais ou outras do Parque das Nações, ou têm de se deslocar, por exemplo, a Loures; se exercem o seu direito de voto em mesas instaladas no Parque das Nações ou o fazem em mesas no interior de Moscavide ou Sacavém; se são servidos por carreiras urbanas da Carris ou por carreiras suburbanas da Rodoviária, o que equivale, nomeadamente, a não ter transportes públicos que sirvam o extremo norte do Parque das Nações e os equipamentos escolares aí existentes, reve-la, no mínimo, muita ignorância sobre a situação que se vive no Parque das Nações.

Para nós, o que tem de relevar nesta matéria, são as consequências para a vida dos moradores e comerciantes do Parque das Nações da divisão dum espaço construído com uma unidade própria e dotado de equipamentos e infraestruturas incompatíveis com uma gestão que o não seja por uma única entidade e não os receios do Eng. Carlos Teixeira decorrentes da alegada abertura de uma caixa de pandora.  São, de resto, tais características específicas deste território que justificam que, decorridos 13 anos após o encerramento da Expo’98, ainda hoje a sua gestão seja assegurada pela Parque Expo, apesar dos poderes desta empresa para praticar tais actos terem cessado no dia 31 de Dezembro de 1999.

E sempre lembramos ao Eng. Carlos Teixeira que a alegada caixa de pandora já se encontra aberta com a reforma administrativa do país, em curso. E importa que a mesma seja bem escancarada. As reformas são isso mesmo: mexer com interesses instalados; abrir as caixas de pandora.

Diz, também, o Eng. Carlos Teixeira que antes da Expo ninguém ligava a esta zona.

É verdade – ninguém ligava, incluindo Loures. Actualmente, Loures apenas lhe liga para recolher impostos, sem fazer nada de concreto na zona, como é publico e decorre das declarações do senhor Eng. Carlos Teixeira.

Por isso, independentemente da opinião do Sr. Eng. Carlos Teixeira sobre o assunto, mantemos que é da maior urgência a criação da freguesia do Parque das Nações, abarcando todo este território,  que vai da Matinha até ao Rio Trancão. E estamos seguros de que isso mesmo irá acontecer, porquanto, como o Eng. Carlos Teixeira reconhece há consenso entre os partidos com assento parlamentar e a Assembleia da República é soberana nesta matéria.

Finalmente, importa que fique bem claro que não são alguns moradores e comerciantes que defendem esta solução. São a esmagadora maioria dos que aqui vivem ou têm os seus estabelecimentos que a defendem, como o comprovam, nomeadamente, os vários documentos já apresentados na Assembleia da República, subscritos por muitos milhares de pessoas e o debate publico da Reforma Administrativa de Lisboa.

E se o senhor Eng. Carlos Teixeira tem dúvidas sobre o que afirmamos é vir ao Parque das Nações auscultar a opinião das pessoas na rua. Aliás, os vários comentários ao artigo do Público são, eles também, uma boa amostra do que afirmamos.

Parque das Nações, 20 de Fevereiro de 2012

José Moreno