Mulheres do Parque

Teresa, fala-nos um pouco de ti.
Tenho 34 anos, sou casada, tenho dois filhos, um com 8 e outro com 5 anos e são o mais importante que tenho na vida. Trabalho na aviação há 13 anos e, atualmente, sou load controller na Tap-Spdh (Groundforce). É uma função cujo objetivo é verificar todo o peso do avião e o seu equilíbrio, por questões de segurança e poupança de combustível. O meu “segundo trabalho” é tratar dos meus filhos e tarefas de casa que, como é sabido, nunca acabam (risos).

Apesar a tua vida ativa procuras sempre arranjar tempo para ler e, por vezes, escrever. O facto de pertenceres à família de Fernando Pessoa terá alguma influência sobre isso?
Acredito que sim. O facto do meu tio-avô ser Fernando Pessoa faz com que exista em mim um certo fascínio pela escrita. Sinto que quando as pessoas sabem deste meu grau de parentesco, há sempre uma grande curiosidade em saber mais sobre ele. O que sei é através do meu pai (sobrinho dele), pois cresci toda a minha vida rodeada por tudo o que foi deixado pelo meu tio. Todos os seus livros, as cartas, os óculos, que outrora estavam em casa da minha avó paterna (irmã de Fernando pessoa).
Claro que, quando era mais pequena não tinha noção da importância do meu tio, na literatura portuguesa. Mas à medida que fui crescendo e tornando-me mais interessada, todo o meu ponto de vista se alterou. Apercebi-me da sua genialidade (e ainda por cima era da minha família…). A sua inteligência, a sua forma de escrever, de inventar todos aqueles heterónimos com tanta vida e com tanta história. Numa palavra, considero “fascinante”.

E a parte dos Mayer?
Pertenço à família Lima Mayer, da parte materna, também uma família com muita história. Suscita alguma curiosidade a minha ligação com o Parque Mayer. Essa ligação nada tem a ver com o lado artístico e teatral, mas sim, porque o palácio e o jardim pertenciam à minha família. Após ser vendido foi transformado no Parque Mayer sendo mantido o mesmo nome. Mas, no outro lado da Avenida da Liberdade temos o Teatro Tivoli que foi o primeiro animatógrafo de Portugal e, esse sim, pertenceu ao meu Bisavô Frederico de Lima Mayer.

Considero interessante a tua postura. Por um lado, falas naturalmente da tua família “histórica”, da qual te orgulhas. Mas tens igual abertura com o teu presente que, por vezes, não tem sido fácil.
É verdade. Hoje em dia o meu estilo de vida tem muito pouco a ver com esses tempos. Tenho enfrentado algumas dificuldades, que tive que contornar. Em termos familiares, deparamo-nos com escolhas que temos que fazer de forma a gerir melhor o nosso orçamento. O meu marido é Arquiteto e, atualmente, a arquitetura neste país é muito escassa. Mesmo quando trabalham, o tempo a aguardar  pelo recebimento é desesperante. Para além de não ser certo, por vezes,  não é recebido. Penso que é necessário muita força de vontade, esperança e não ter vergonha! São situações que se passam na vida e servem para aprendermos com elas, para avaliar realmente o que é importante na vida: o Amor, as pessoas, a compreensão e pensar que melhores dias virão.

E em relação ao Parque das Nações?
Vivo cá desde a Expo98, na zona norte. Antes vivia no centro de Lisboa e estava muito habituada a conhecer toda a gente – na rua, na mercearia, nas lojas – quando vim para aqui custou-me um pouco pois era tudo novo: pessoas novas, bairro novo, uma Lisboa nova. Mas com o passar dos tempos vamos conhecendo, interagindo e, através das crianças, fazendo novos amigos.
O Parque das Nações é um bairro seguro, bonito e jovem!

Há algo que gostarias de acrescentar sobre o nosso Bairro?
Em relação aos serviços que já temos, considero que é um bairro muito completo. No entanto, como há muitos animais, penso que seria uma ótima ideia abrirem um parque ou área específica para cães. Também se poderia fazer um parque infantil maior, os que há são pequenos, principalmente, o da zona sul.
Por fim, quero dizer que:  Sou fã do meu bairro!