1º Aniversário da Marina

Foi a bordo de um veleiro em pleno estuário do Tejo, que Vilar Filipe, em representação da Marina, fez um balanço desta obra e da sua actividade até ao momento.
No próximo dia 15 de Agosto celebra o seu primeiro aniversário. Por: Inês Lopes

Num empreendimento em que “toda a engenharia é portuguesa”, Vilar Filipe salienta que os portugueses têm “conhecimentos e capacidade técnica”, sendo provavelmente esta a área da engenharia civil onde se encontram na dianteira. No entanto, o engenheiro que lidera os destinos da Marina não se esquece de salientar que os factores que estiveram na origem dos problemas nesta estrutura continuam a existir. O assoreamento é característico do próprio rio. Aliás, o estuário do Tejo, que é o maior da Europa, tem atributos específicos, como uma forte corrente e um caudal que chega a variar mil vezes do Verão para o Inverno. Trinta meses passados sobre o início das obras, depois de um investimento de cerca de 12,5 M€, os problemas parecem ter sido debelados. De acordo com o engenheiro, “num estuário o estudo que é feito depende do sítio”, sendo que nas obras marítimas há sempre um grande coeficiente de desconhecimento, e por mais sofisticada que seja a solução técnica terá que ser adaptada ao local, não podendo ser decalcada para outras localizações. Segundo Vilar Filipe, o assoreamento foi de tal maneira diminuído que é “completamente gerenciável” e a Marina conta actualmente com uma taxa de ocupação de trinta e cinco por cento. É o próprio responsável que reconhece que o histórico da infra-estrutura poderá ter causado alguma hesitação inicial, mas as campanhas que estão actualmente a ser lançadas têm por objectivo acelerar o processo de ocupação. Nesta “Marina urbana” haverá a possibilidade de garantir por três anos o preço e de não pagar a totalidade à cabeça mas através de mensalidades. Além disso a marina dispõe de outros serviços como assistência técnica prestada por marinheiros e segurança permanente. Foi ainda feito um acordo com as Marinas de Oeiras e Tróia que vai permitir que qualquer um dos 126 residentes passe uma semana num dos outros portos. Dos 602 postos de amarração, quinze por cento são para passantes o que lhe confere o estatuto de marina internacional. Sendo que esta cota tem sido sempre ultrapassada. Além disso, está preparada para receber os mega-iates,  que são barcos até 250 m.
A marina dispõe ainda de um cais de eventos com 170m, que segundo Vilar Filipe servirá para “fazer tudo aquilo em que se pode tirar partido da água”, desde a atracação de embarcações de cruzeiro ou históricas até ao lançamento de produtos e venda de barcos. Também o Edifício Nau, que já em 1998 havia ganho um prémio de arquitectura, foi totalmente reabilitado e preparado para receber tanto restauração quanto escolas de náutica ou lojas. Metade dos estabelecimentos já estão alugados e o objectivo é que durante o Verão a grande maioria abra ao público. A bacia norte poderá vir a servir para a expansão da actual marina ou para outras actividades, como corridas de modelos, formação ou motonáutica. Actualmente também já é permitida a prática de windsurf e jetski na zona da Marina o que até agora o Porto de Lisboa não permitia que acontecesse a montante de Algés.
Na opinião do responsável da marina, agora é necessário “criar destinos”. A partir daqui será possível fazer passeios no Tejo acompanhados por skipers. Há toda uma paisagem ainda desconhecida, desde mouchões a aldeias palafíticas que se estendem ao logo do rio e que grande parte da população ignora. Segundo Vilar Filipe a náutica não será tanto uma questão de dinheiro, mas antes educacional. Num país com enormes potencialidades há uma “falta de aproveitamento das águas interiores”. Em Portugal, haverá um barco para cada mil pessoas, enquanto na Finlândia a percentagem é de um barco para cada sete habitantes. Em todo o país existem tantos postos de amarração quantos os que existem apenas na Galiza.
A Marina do Parque das Nações pretende assim assumir-se, cada vez mais, como um pólo dinamizador de todas as actividades náuticas ao longo do grande estuário do Tejo.