Viva o empreendedor

autores_diogofreiredeandrade_round_100x100

Numa época de crise é bom que haja quem seja empreendedor. Quero felicitar o Miguel Meneses e toda a equipa pelos 10 anos do Jornal “Notícias do Parque”. Este é um exemplo de sucesso de quem arriscou em projectos difíceis, viva o empreendedor.
São projectos como este, um veículo de comunicação, que transformam uma parte da cidade em bairro. Dão-lhe uma identidade, um carácter, uma unidade.
Nestes 10 anos o jornal foi crescendo, tornou-se mais abrangente e eclético, a dar voz a quem quer falar.
É com prazer e orgulho que faço parte deste projecto desde Fevereiro de 2009. Já são 16 artigos em que escrevi sobre vários temas tendo como ponto comum a arquitectura e o espaço urbano e como foco o Parque das Nações.

Cenários Parque das Nações 2015

Parque das Nações, 2015. Não serão precisos mais de 4 anos para ver o caminho que o Parque das Nações vai seguir. Após a extinção da empresa Parque Expo os 330 hectares vão ficar nas mãos de dois Concelhos e três Freguesias. O que vai acontecer ao espaço público? Os serviços vão continuar a funcionar?

Fazendo futurologia consigo imaginar dois tipos de cenários:

Cenário 1
As Câmaras e as Freguesias não se entendem, dividem o território de uma forma artificial, cada um trata, ou não trata, dos seus canteiros. O Parque das Nações é votado ao abandono. Os jardins estão secos, mortos e resta-nos a memória. O lixo espalha-se pelas ruas, deixou de haver dinheiro para pagar a quem limpa, o slogan é “não suje porque não há quem limpe”. Os emblemáticos “vulcões” têm os dias contados, “luxos burgueses” dizem eles. As madeiras nos pavimentos já são raras, foram substituídas por materiais pré-fabricados, mais baratos e sem manutenção.
Agora, sim, uniformizaram a qualidade urbana, por baixo. Veja-se como estão os jardins de Lisboa. Que falta faz um bom Zé.
A degradação urbana tornou-se a imagem de marca. Já há inúmeras fachadas alteradas impunemente, com marquises e construções clandestinas, porque a fiscalização camarária não existe. O ambiente urbano, em muitas zonas, é deprimente. Os habitantes abandonam a zona e as empresas não querem ter o seu nome conotado com um espaço degradado.
É um cenário dantesco.

Cenário 2
As Câmaras de Lisboa e Loures estabeleceram um acordo sobre o modus operandi de manter o espaço público do Parque das Nações. Continuaram com o formato existente e é um caso de sucesso da forma como se passou de uma empresa para o município.
O espaço do Parque das Nações continua a ser um destino dos Lisboetas ao fim-de-semana sedentos de espaços qualificados ao lado do rio.
As Câmaras ganharam a aposta que fizeram em manter a qualidade, e mais, aproveitaram o sucesso do Parque das Nações e alargaram o conceito às zonas envolventes. Com a ajuda das populações e de empresas privadas locais os espaços são mantidos, utilizados e protegidos. Todos são chamados a colaborar, o espírito comunitário é enorme.

Qual destes cenários se vai realizar?
Vamos deixar o nosso destino só nas mãos das Câmaras?

Não, o nosso destino também está nas nossas mãos, temos de participar, de denunciar, de nos organizar, utilizar veículos como o “Notícias do Parque” ou a Internet para dizer o que nos vai na alma e não deixar que o Parque das Nações se degrade!!!