Urbe – Peças do Parque

Como António Mega Ferreira disse “Da forma como vivem, dir-se-ia que sempre ali estiveram, mas isso é ilusão de quem quer acreditar à viva força que tudo o que aqui está fica tão justamente aqui, que é como se sempre cá devesse ter estado.”

Desde o início que a Parque Expo’98 fez questão em patrocinar a cultura e a arte. O programa da Arte Urbana encontrou o seu culminar no recinto da Expo’98, mas prolongou-se para toda a Zona de Intervenção. Os 330 hectares ofereciam oportunidades únicas para se introduzirem projectos artísticos que influenciassem o espaço urbano.

Foi neste sentido que surgiu a arte no espaço público introduzindo projectos de arte contemporânea. Foram feitas 24 intervenções na Zona de Intervenção da Expo’98 que ainda hoje perduram. Com este artigo gostaria de ajudar a tirar alguns do anonimato salientando 4 deles. Nos meus artigos seguintes irei destacar outros.

Pedro Cabrita Reis – Rotunda da Expo’98
A intervenção de Pedro Cabrita Reis no limite sul do Parque das Nações, utilizando o viaduto da Av. Marechal Gomes da Costa e a rotunda da Expo’98 como base de trabalho, ficou marcada com a adição de alguns elementos construtivos. Neste projecto, Pedro Cabrita Reis utilizou o azulejo preto-e-branco como material reflexivo e o betão aparente como contraponto.
Citando José Miranda Justo “Comecemos pois, já não por uma “rotunda” e um “viaduto”, mas antes pela geometria abstracta de uma rotunda e de um viaduto que passa sobre ela.”

Rui Chafes – Edifício Lisboa
É a sul do Pavilhão de Portugal que se localiza a escultura de Rui Chafes. Duas peças de ferro pintado de negro que fazem a delícia dos mais pequenos. Brincadeiras de som, de abrigo, perspectivas visuais e efeitos de ar.
“Rui Chafes converte uma imagem geométrica, o cone, em antiforma” conforme disse Aurora Garcia

Fernanda Fragateiro – Jardins de Água
É sem dúvida a intervenção mais extensa. Liga a Alameda dos Oceanos ao Rio. Implanta-se serenamente entre o Edifício da Comunicação Social e o Pavilhão do Conhecimento, entre o antigo Pavilhão da Realidade Virtual e o Oceanário, entre o Teatro Camões e a Doca dos Olivais.
Citando Maria Helena de Freitas “Em todas as suas intervenções, a artista trabalha com os sinais de instabilidade que o elemento água transporta; o movimento e o reflexo. E são estes sinais que, (…), atravessam os jardins, criando uma rede circular de sentidos que os identifica e une.”

Fabrice Hybert – Terreiro das Ondas
O Terreiro das Ondas é um dos exemplos de intervenção de arte urbana que tem pouca visibilidade. Situa-se entre 2 edifícios da “Vila Expo” e há poucas pessoas que a conhecem, embora seja uma das mais exuberantes.
Conforme Vincent Labaume disse “Fabrice Hybert é um destes novos artistas mutantes, “provadores” ou experimentadores de formas, das forças e dos ambientes complexos que nos rodeiam, substituindo a pouco e pouco os antigos fabricantes do gosto, ou seja, os artistas modernos.”

GRANDES PROMOTORES FAZEM GRANDES OBRAS

O Parque das Nações existe também graças aos promotores privados que, desde o início, apostaram na Expo como local privilegiado para os seus investimentos imobiliários.
Quando esta zona não era mais do que um mar de lama, e em que poucos acreditavam até na realização da Exposição Mundial de Lisboa de 1998, houve alguns corajosos que investiram quando tudo parecia uma miragem. Não eram ainda grandes empresas altura que se vieram a tornar, eram sim empreendedores com visão que acreditaram e triunfaram.

Durante os próximos artigos quero destacar algumas empresas imobiliárias, e, por ser esta uma página sobre arquitectura e urbanismo, irei naturalmente sublinhar os seus projectos.

Um dos bons exemplos de promotores privados é a Imocom. Liderado pelo Eng.º Alejandro Martins, o Grupo  iniciou a sua actividade de promoção imobiliária em 1993.

Os primeiros empreendimentos no Parque das Nações foram de habitação:
Edifício Expo _ 1999| Lote 4.18 – Na zona norte do Parque das Nações. Projecto: Arqt.º Saraiva da Costa.

Moradias Vasco da Gama _ 1999| Lote 4.22 – Um condomínio fechado de 24 moradias geminadas. Projecto: Arqt.º Saraiva da Costa

Mais tarde focou o seu investimento em edifícios de escritórios:
Edifício Infante _ 2000| Lote 1.16.05 O segundo edifício de escritórios a ser construído no Parque das Nações e localizado na sua principal artéria. É actualmente a sede do Grupo Imocom. Projecto: Arqt.º Saraiva da Costa.

Edifício Sony _ 2000 | Lote 1.01.12 – É um edifício de referência no Parque das Nações. Projecto: Broadway Malyan

Torre Zen _ 2001 | Lote 1.17.01 – O edifício alia o equilíbrio, harmonia e flexibilidade com uma arquitectura de excelência dos seus espaços. Projecto: Broadway Malyan.

Edifício Mythos _ 2010 | Lote 1.06.21 – Localizado na zona Premium do Parque das Nações, este edifício de singular identidade contemporânea irá marcar a construção de edifício de escritórios devido à sua arrojada arquitectura, pelas suas funcionalidades e uma concepção bio-climática. Projecto: ARX Portugal

Após o sucesso no Parque das Nações, o crescimento do grupo IMOCOM fez-se naturalmente e a sua internacionalização já se faz sentir com a abertura de escritórios em Luanda e Huambo, Salvador e Buenos Aires, com projectos na área Imobiliária, Turística e Industrial.