Reportagem

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Às 8 da manhã ainda não se vêem crianças a correr entusiasmadas por todo o lado, mas já se trabalha intensamente no Oceanário de Lisboa. A deadline são as 10 horas, altura em que tudo tem de estar preparado para receber os primeiros visitantes do dia. Por esta altura, os corredores são ocupados por aquaristas que se dedicam a trabalhos de manutenção de aquários e animais. O sistema sonoro ainda não está a passar os sons atmosféricos das ondas e do fundo do mar que costumam acompanhar as visitas do público, mas sim uma música mais ao gosto daqueles que, de manhã cedo, põem o Oceanário a funcionar.

A Cuidar dos Animais
Na ala dos anfíbios encontramos Vítor Dionísio, responsável por um espaço que se tem assumido como um dos favoritos do público, desde a sua inauguração em 2010. O exotismo, as cores garridas, mas também a capacidade de repugnar os visitantes mais sensíveis têm contribuído para a atracção que os anfíbios exercem no público do Oceanário.
Nada que impressione Vítor Dionísio, habituado que está a lidar diariamente com estes animais. À sua responsabilidade estão 20 espécies de anfíbios, originárias de diferentes zonas do mundo e cada uma com as respectivas exigências e necessidades.
A primeira tarefa do dia passa por verificar se os níveis de temperatura e humidade de cada habitat estão de acordo com os valores apropriados. Vítor Dionísio verifica a informação num painel, regista os resultados e confirma que não existe nenhuma anomalia. Depois, segue-se uma revisão ao sistema de tratamento de águas de cada aquaterráreo que recolhe, filtra e devolve a água, geralmente na forma de uma cascata ou de uma nascente, contribuindo para a beleza do cenário onde vivem os anfíbios. Trata-se de um bom exemplo de arte e criatividade ao serviço da engenharia.
O momento alto da manhã está, no entanto, reservado para a alimentação dos animais: nada como colocar alguns vermes no aquaterráreo para que todos os seus habitantes se ponham a descoberto, preparadíssimos para se banquetearem. O repasto é constituído por vermes de farinha, cultivados propositadamente para servirem de refeição aos sapos, rãs e salamandras que ocupam esta secção do Oceanário. Como refere Vítor Dionísio, são minhocas fáceis de cultivar e muito nutritivas, acrescentando ainda que devem ser servidas ainda vivas, já que muitos destes animais só se lançam ao alimento depois de o verem mexer.
Uma das grandes preocupações deste aquarista prende-se com a preservação dos outros seres vivos que habitam nestes aquaterráreos: as plantas. Por serem extraordinariamente sensíveis a condições de temperatura e luminosidade, a manutenção das plantas exige cuidados extremos, porventura mais até que os próprios anfíbios.
Sendo animais de hábitos nocturnos, os anfíbios encontram-se muito mais activos durante a noite do que no horário de exposição, onde se encontram muitas vezes a dormir, recatados e escondidos. Por essa razão, é habitual que sejam alimentados também durante o dia, já que é quando comem que se tornam mais visíveis ao público.
De qualquer forma, o comportamento dos anfíbios em cativeiro é ainda pouco conhecido, o que faz com que esta exposição esteja a servir igualmente para aprofundar os estudos relativos a estes curiosos animais.

Controlo da Água e dos Habitats
Numa outra zona inacessível ao público estão já a ter lugar as primeiras análises de controlo à qualidade da água. Num laboratório com uma vista lindíssima para o Tejo, três jovens biólogas concentram-se na análise a dezenas de amostras, retiradas já essa manhã dos muitos aquários do Oceanário. Serão feitos, entre outros, testes de acidez e de alcalinidade, de modo a garantir que a qualidade da água cumpre os requisitos apropriados aos animais que nela circulam. Todos os dias são feitas mais de 200 análises deste tipo no Oceanário de Lisboa.
As portas já estão quase a abrir ao público, mas passando nos corredores, o cenário é bastante curioso: além da fauna que os habita, os aquários estão agora também ocupados por aquaristas que mergulham nos tanques para garantirem a manutenção de pontos específicos dos habitats e a remoção de algas que se vão desenvolvendo naturalmente. Nestes mergulhos, preocupam-se também com a limpeza do acrílico dos tanques. É verdade que existe uma sensação de grande proximidade entre o público e os animais, mas estas superfícies chegam a ter, nas janelas do aquário central, uma espessura de 27 centímetros.
Quando as portas finalmente se abrem, já não há sinais dos trabalhos de manutenção realizados minutos antes. Mas não se pense que o trabalho no Oceanário se esgota com o início das visitas. Pelo contrário, ainda mal começou. Ao longo do dia continuam-se a analisar as amostras recolhidas durante a manhã, registam-se os resultados, prepara-se a alimentação dos animais e, claro, agendam-se tarefas para o dia seguinte.
Note-se, por isso, que este relato representa apenas a ponta do iceberg das imensas e fascinantes tarefas que contribuem para a manutenção diária daquele que é um dos maiores aquários da Europa. Tendo isso em atenção, o Oceanário de Lisboa inclui já entre a sua oferta visitas guiadas aos bastidores, que permitem ao público entrar nas rotinas de um grande aquário e conhecer o dia-a-dia de um aquarista.[/vc_column_text][divider line_type=”No Line” custom_height=”50″][/vc_column][/vc_row]