Os Oásis do nosso Parque

autores_carmomirandamachado_round_100x100

Numa das minhas últimas viagens  – realizada não no tempo em que os animais falavam, mas naquela época em que ainda havia subsídios de férias e de Natal – dei por mim a percorrer, num autocarro manhoso, muitos quilómetros de estrada para poder chegar ao Oásis de Siwa. Localizado no Egito, no deserto da Líbia, 560 quilómetros a oeste do Cairo e 300 quilómetros a sul do porto de Marsa Matruh, Siwa possui uma extensão de 80 quilómetros de comprimento e entre a 10 e 30 quilómetros de largura. A meio da viagem, enfiada que estava há horas num autocarro apinhado de egípcios com ar suspeito, completamente atordoados com a presença de três mulheres a viajar sozinhas, interroguei-me se valeria a pena tanto pó e tanta estrada para visitar um OÁSIS! Ora bem! Não me arrependi e, mal chegámos a Siwa, dei por bem empregue o cansaço da viagem.
O Oásis de SIWA tornou-se famoso na Antiguidade porque nele encontramos o oráculo de Amon, cujo templo teria sido construído pelo faraó Amásis. A localização do templo foi identificada em 1899 por um egiptólogo alemão e consta que depois de ter conquistado o Egito aos Persas, Alexandre Magno dirigiu-se ao Oásis de Siwa para consultar o dito oráculo, que lhe confirmou ser filho de Zeus e do deus egípcio Amon.

Deixando de lado os Oásis espalhados mundo fora, ocorreu-me deambular há dias pelo parque em procura, não de um qualquer oráculo perdido, mas de pequenos oásis que fizessem a diferença no nosso bairro, já de si diferente dos restantes. Deixo aqui a minha humilde definição de oásis do parque: espaços abertos ao público que ofereçam algo diferente, quer esta diferença  seja nível no serviço prestado, no produto vendido ou na simpatia oferecida. E encontrei três oásis no parque que partilho hoje com os leitores do nosso jornal. O primeiro, o café Tagus Terrace aberto desde agosto de 2012, continua a tentar afirmar-se ainda hoje, talvez pela sua localização no edifício da marina – que continua abandonado ao seu próprio destino. Ora, este pequeno café não só tem uma vista privilegiada sobre o rio, como é um espaço acolhedor para se passarem algumas horas no seu interior, onde os sofás convidam a que os livros, ali presentes, sejam lidos ou, pelo menos, folheados, e a internet consultada se trouxer o seu laptop (o café possui wi-fi). Caso queira aproveita o sol deste verão, tem uma esplanada com vista direta para a Ponte Vasco da Gama. Este espaço, gerido pelo simpático João, está aberto desde as dez horas da manhã e prolonga-se noite fora, com alguns eventos a marcar presença, como foi o caso da noite da caipirinha no passado dia 11 de maio.

Outro oásis do nosso Parque é a loja de roupa em segunda mão para crianças, localizada perto da esquadra da polícia onde, a preços de crise, é possível encontrar todo o tipo de acessórios para bebés e crianças. Este conceito, tão frequente no estrangeiro, começa agora a dar aqui os primeiros passos e, como pude constatar, está a ter um enorme sucesso.

O terceiro oásis que deixo aqui aos nossos leitores, e com o qual termino a crónica de hoje, é um paraíso perdido, acreditem. Este Espaço de Bem-Estar de que vos falo, aberto desde dia 17 de janeiro deste ano, situa-se no Pátio das Pirogas, Loja 22 (1º piso) e apresenta-nos uma visão holística da vida, oferecendo aulas de yoga (Método de Rose), às terças e quartas, bem como atividades de coaching e de desenvolvimento pessoal. Para além destas atividades, este espaço facilita yoga nos jardins do parque, no dia 23 de junho pelas 10:30.

A grande vantagem de se juntar a nós? Por um lado, o ambiente familiar criado pelo casal contituído pela Sónia (instrutora de yoga) e pelo António; por outro, a grande empatia existente entre todos os participantes; além disto, visto  cada aula ser paga individualmente, liberta todos aqueles que, como eu, não gostam de se prender a uma mensalidade obrigatória. Estas fantásticas aulas de yoga são sempre seguidas de umas retemperadoras bebidas Não tenham dúvidas: um espaço para nutrir corpo e alma, asseguro-vos!
São estes espaços que fazem a diferença e que ajudam a criar a personalidade de cada bairro. Gostaria de poder assistir ao aparecimento de muitos mais oásis como estes no Parque das Nações, sinal de que o espírito inovador se instalou por aqui e veio para ficar.

Carmo Miranda Machado
(Escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico)