O Futuro da Torre Galp

“A Torre, existente a sul do atual Parque das Nações – era a estrutura mais visível da primeira refinaria portuguesa – Refinaria de Cabo Ruivo. Era conhecida na área de Lisboa pelo cheiro e pela chama, e foi “a única marca que os projetistas da Exposição Universal de Lisboa de 1998 decidiram manter, no local, como símbolo da intensa atividade industrial que outrora floresceu em Cabo Ruivo. ” * (* PIRES, Miguel Satúrio, (2013), História da Refinação em Portugal, Fundação Galp Energia, p. 47 )

1 – A origem da Torre Galp – Antes da EXPO 98 intitulava-se Torre TCC

A Torre TCC teve a sua origem em 1939, com o início da produção da Refinaria de Cabo Ruivo – zona atual do Parque das Nações. Era uma das unidades que transformavam os produtos vindos da destilação de petróleos brutos. Foi o  processo de produção, que deu o nome TCC à Torre: “Thermofor Catalytic Cracking”. O Petróleo bruto era sujeito ao processo de Cracking (do inglês que significa quebra, fratura, divisão) sendo transformado por etapas, e daí resultavam vários tipos de produtos.

2 – Que tipo de produtos, vulgarmente mais conhecidos, eram produzidos na  Torre Galp?

Gasolina, gasóleo (para além de outros produtos).

3 – O seu papel na “EXPO 98”

Em fins de 1993, com a previsão do encerramento da Refinaria, foi apresentado o projeto de aproveitamento da Torre do TCC à Petrogal, empresa proprietária da Refinaria, e ao Instituto Português de Museus (era Presidente Simonetta Luz Afonso).
Esse projeto foi apresentado por Lurdes Patrício, Assessora da Direção da Refinaria, que defendeu que esta Torre se deveria manter para memória futura. O projeto transitou, posteriormente, para a Expo’98 e, em carta de 3 de Fevereiro de 1994, o Eng.º Cardoso e Cunha, responsável pela EXPO, informou que a Torre continuaria erguida.
Segundo declarações ao Jornal Notícias do Parque, Lurdes Patrício afirma que o projeto apresentado em 1993, onde se pretendia fazer o  Museu do Petróleo, na Torre Galp, era sustentável.

4 – Projetos para a Torre Galp

Segundo Lurdes Patrício, “embora a Torre chame à atenção, não dá a conhecer a sua história, e a história do local”. Com base no projeto efetuado, em 1993, para a Torre Galp, apresentou propostas que ainda poderiam ser aplicadas, atualmente:

Ativar o elevador – que transportaria os visitantes até à plataforma próxima do topo da Torre. Nesse local, poderia haver um bar panorâmico, com máquinas de venda de bebidas, para os visitantes poderem sentar-se e apreciar a ampla paisagem. Mas sempre salvaguardando todas as condições de Segurança!

Centro Interpretativo – Todos conhecem a Torre, mas poucos conhecem a sua história. Nessa sequência, este espaço deveria conter material museológico, informativo, didático e promocional. Sem esquecer o enriquecimento que a Expo trouxe a esta comunidade.
Este Centro Interpretativo podia ser colocado na receção, na base da Torre Galp, onde também se podiam adquirir os bilhetes para o elevador.

Colocação de uma “chama” no topo da Torre Galp,  insuflável,  iluminada por focos de luz, local onde outrora era libertada a verdadeira chama.

Seria vista como:

• Um símbolo da atividade industrial que existiu na Torre Galp,

• Uma memória aos judeus: a “chama da Esperança”!  – Aos judeus, que vinham refugiados da europa e partiam de hidroavião para a América, na altura da 2ª Guerra Mundial. Partiam do Aeroporto Marítimo de Cabo Ruivo onde, atualmente, se encontra o Oceanário e a Marina do Parque das Nações.
Recomendo a visualização do vídeo do realizador Steven Spielberg. Pesquisar no youtube “ Aeroporto Marítimo de Cabo Ruivo – Lisboa” (7 minutos) em: https://www.youtube.com/watch?v=kz4gATFYe-85

5 – Estado atual da Torre Galp

A Torre necessita de manutenção (ex: vários vidros partidos), limpeza e segurança.
Em relação à segurança, vários residentes referem a necessidade  de vedar o acesso aos patamares superiores, pois, apesar de interdito, há várias pessoas a subir a escadaria até ao topo.

6 – Vantagens da recuperação/ativação da Torre Galp

Aspeto histórico – Dar a conhecer a história, a memória e o património da freguesia

Aspeto económico- Dinamizar o comércio na Zona Sul, especialmente, em torno da Torre Galp.

Aspeto social – Criar uma zona de “centralidade e referência”, ou seja, um “ponto de encontro” da comunidade, facto que a Zona Sul ainda não tem bem definido.

7 – Quem é o Proprietário da Torre Galp?

A Parque Expo. Segundo declarações da Parque Expo, ao Jornal Notícias do Parque – “é a Parque Expo que assume, integralmente, a respetiva manutenção e impostos”.

8 – Qual a fase atual da Parque Expo?

A Parque Expo entrou em fase de liquidação – a decorrer até ao final de setembro de 2016. Segundo a mesma fonte, a Parque Expo tem desenvolvido várias iniciativas no sentido de encontrar interessados para a gestão e exploração da Torre Galp, sem desvirtuar o seu valor cultural, a salvaguardar de acordo com os parâmetros urbanísticos que lhe são aplicáveis;

– Um dos potenciais destinatários contactados foi a própria GALP, não tendo, contudo, sido possível concretizar qualquer operação com aquela entidade;

– A passagem da Torre Galp para Câmara Municipal de Lisboa chegou a ser equacionada, quando houve o processo de transmissão da gestão urbana do Parque das Nações para a Câmara. O diploma legal que procedeu à transferência de outros imóveis para a autarquia, acabou por não incluir a Torre Galp nesta transferência (por razões que a PE desconhece).

9 – Após a extinção da Parque Expo quem fica proprietário da Torre Galp?

Caso a Torre Galp não venha a conhecer uma nova entidade responsável, até ao final da liquidação – este equipamento passará, em partilha, para o Ministério das Finanças ou para o município de Lisboa, conforme estas entidades decidirem.

10 – Quais os custos de manutenção da Torre Galp?

Segundo a Parque Expo, a “Torre Galp apresenta custos de manutenção variáveis, dependendo da sua quantificação, e da eventual definição da responsabilidade pelos mesmos, do modelo de negócio que seja apresentado, por algum potencial interessado na sua exploração”.

11 – Opinião de José Moreno, Presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações, sobre a Torre Galp:

“É urgente resgatar a Torre Galp – um monumento que perpetua a memória do passado industrial desta zona da cidade –  à situação degradada e degradante em que se encontra. Se não respeitamos o passado e a sua memória é a nós que estamos a desrespeitar.”

12 –  Declarações de Figueiredo Costa, da Galp Energia, que atuou no sentido de reativar a Torre Galp:

“Perante o estado de abandono e de degradação da Torre, em particular dos seus andares, onde se pode ver todo o tipo de sujidade e sinais de vandalismo, a Associação de Reformados da Galp Energia propôs, à Galp Energia, o aproveitamento do seu piso térreo para a instalação de um museu temático sobre o Petróleo. Fomos informados, desde logo, que a Galp Energia não estava interessada na aquisição da Torre, muito menos na sua recuperação, dados os montantes envolvidos. Apenas patrocinava um projeto de colocação de uma chama artificial no alto da Torre, como sinal dos tempos do antigamente, em que aquela chama era o sinal visível da proximidade a Lisboa, quer por avião, quer por comboio. Dados os custos envolvidos, o projeto foi abandonado pela Associação dos Reformados da Galp Energia”. Figueiredo Costa acrescenta que, no passado mês de março, foi contactada a Câmara Municipal de Lisboa, que informou não estar interessada na Torre. Mesmo que ela viesse a ser entregue à CML, não havia, no momento, qualquer projeto ou interesse na sua ativação dados os custos envolvidos na sua ativação e conservação.

13 – Hipóteses para a Torre Galp

Após a realização desta pesquisa podem equacionar-se 3 hipóteses, por ordem de prioridade e de investimento.

Hipótese 1 – Limpeza e segurança – Limpar, substituir vidros partidos, impossibilitar o acesso aos patamares de topo. Embora interditos, facilmente são transpostos. Esta hipótese foi apresentada à Parque Expo que referiu que, a curto prazo, só poderão assegurar a sua manutenção básica.
A hipótese 1 não está no âmbito da atuação atual da Parque EXPO. Acrescenta que “como esta entidade está em liquidação, o processo de partilha dos ativos será implementado durante o processo de liquidação. A médio prazo caberá à entidade que vier a ficar detentora deste ativo definir o destino a ser-lhe dado”.

Hipótese 2 – Hipótese 1 + Colocação da “Chama” no topo da Torre Galp,  insuflável e  iluminada com focos de luz.
O Prof. Carvalho Rodrigues já fez, com os seus alunos do IADE, o projeto para essa “Chama” (luz). Só existe a necessidade de um patrocinador para  adquirir o equipamento e outro para assumir os custos da eletricidade.

Hipótese 3 – Hipótese 1 + Hipótese 2 + Ativação do elevador até ao topo da Torre e Centro Interpretativo.
É uma hipótese a médio prazo e depende de uma entidade pública ou privada, que a pretenda impulsionar.

CONCLUSÃO:

• Após esta pesquisa verificou-se que a Torre Galp é um monumento que a população quer ver recuperado. Isso traz benefícios históricos, económicos e sociais ao local.

• É um monumento que “não é Classificado”, segundo informação da DGPC – Direção Geral de Património Cultural. A classificação pode ser atribuída em três categorias: interesse municipal, interesse público ou interesse nacional.  E qualquer pessoa pode apresentar uma proposta à DGPC a propor a sua classificação.

• É um edifício com uma manutenção dispendiosa o que implica um bom planeamento, para que se consiga sustentar, caso seja dinamizado.

• Seria interessante a criação de uma “Comissão de Amigos da Torre Galp”, – Pessoas que tenham tempo e gosto para se dedicar a esta causa. Podem incluir-se residentes, trabalhadores, comerciantes, associações locais, universidades, para se mobilizarem e sensibilizar, junto dos decisores (Governo) a importância de reativar e dinamizar a Torre Galp.