Diário do Bordo – Edição nº57

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Nauticampo

Na Nauticampo 2011, que decorreu entre 2 e 6 de Fevereiro, a Marina do Parque das Nações evidenciou ser o local de excelência para a realização do Lisboa Boat Show.
Como referi no artigo anterior, na edição da Nauticampo de 2011, a Sociedade Marina do Parque das Nações e a AIP-CCI/FIL uniram esforços para dinamizar um conjunto de actividades na água, nomeadamente, mostra de embarcações tipo “tall ship”, baptismos de vela, demonstrações de windsurf, canoagem etc..  A ANMPN, em parceria com a Marinha do Tejo, para além de ter disponibilizado um stand na Nauticampo para exposição e dinamização das actividades junto de novos entusiastas, proporcionou também passeios em embarcações típicas do Tejo, nas Canoas “Ana Paula”, “Salvaram-me” e “Quim Zé”, que estiveram em Exposição na Marina do Parque das Nações, durante a Feira.

Após o evento, e em face do êxito alcançado, a Marinha do Tejo está neste momento a avaliar a possibilidade de manter na Marina do Parque das Nações uma exposição permanente de algumas Embarcações Típicas do Tejo da sua flotilha, que assegure também uma maior facilidade na participação nos diferentes eventos náuticos que se realizam ao longo do ano.

Dotar o Lisboa Boat Show  de um espaço para exposição de barcos na água, proporcionando a realização de passeios e de actividades relacionadas com a náutica, à semelhança do que acontece nos outros Boat Shows por esse mundo fora, foi sempre um dos objectivos que a ANMPN perseguiu desde a sua fundação. Naturalmente, foi com incontida satisfação, que assistimos durante o fim-de-semana de 5/6 Fevereiro, às diferentes actividades no Centro Náutico da Marina situado na Doca do Oceanário, nas Bacias da Marina e no Grande Estuário do Tejo em frente ao Parque das Nações, proporcionando um grandioso espectáculo náutico ao imenso público que acorreu em massa ao passeio ribeirinho.

Também para as empresas Marítimo-turísticas, que utilizaram o Cais de Eventos da Marina do Parque das Nações, foi uma oportunidade excelente para tomarem contacto com a excepcionalidade das condições do Mar da Palha, presenteando também momentos inesquecíveis a todos aqueles que aderiram aos passeios no rio.

Nesse fim-de-semana de 5/6 de Fevereiro, a ANMPN e a Marinha do Tejo efectuaram 14 passeios no rio, embarcando cerca de 70 convidados, que tiveram assim o grato prazer de navegar em Canoas Típicas do Tejo, um património hoje instituído como pólo vivo do Museu de Marinha, e que vai perpetuar para as gerações vindouras o meio de transporte de pessoas e bens que, durante séculos, foi utilizado para unir as duas margens do rio. Noutras situações, estas embarcações foram também utilizadas na defesa da nação, como foi o caso de D. Nuno Álvares Pereira que as utilizou em ousadas arremetidas contra navios da Esquadra castelhana que faziam o cerco naval a Lisboa, e ainda, nas invasões francesas, onde estas embarcações foram registadas, mobilizadas e armadas pelo comando das forças aliadas luso-britânicas, com a finalidade de se oporem ao plano da tropa invasora.
As imagens dos passeios nas Canoas da Marinha do Tejo que ilustram o presente artigo, valem mais do que mil palavras….

A realização do Lisboa Boat Show 2011 neste formato, permitiu evidenciar a excelente complementaridade entre os Pavilhões de Exposição na FIL e a infra-estrutura da Marina do Parque das Nações na realização do evento, facto que aliás tem vindo a ser reconhecido por todos os stakeholders no balanço da feira deste ano. Esperamos assim que, no próximo ano, a dimensão das actividades náuticas possa vir ainda a ser aumentada, e que, por outro lado, na zona ribeirinha da Marina, nomeadamente na Ponte Cais e no Edifício Nau, possam também ser proporcionadas zonas de exposição de embarcações e venda de produtos náuticos, atribuindo “um desconto especial” a quem vier visitar o  Lisboa Boat Show 2012 “de Barco”…

Estão assim de parabéns a FIL/Nauticampo e a Sociedade Marina do Parque das Nações pela lufada de ar fresco e marítimo com que presentearam a zona ribeirinha do Parque das Nações, durante o período dedicado à Feira. Ficamos à espera de mais e de melhor no próximo ano, onde, naturalmente, a ANMPN estará mais uma vez disponível para dar o seu contributo de forma entusiasta, como sempre tem feito.

Acordo PS/PSD na Câmara de Lisboa, prevê recriar o “Muro da Vergonha” no Parque das Nações

O acordo celebrado entre o PS e o PSD no passado dia 21 de Janeiro, para a reorganização administrativa da Cidade de Lisboa, propõe criar a freguesia do Oriente deixando de fora um terço do Parque das Nações. Este acordo, completamente ao arrepio da vontade da comunidade do Parque das Nações e de posições anteriormente assumidas por estes partidos, evidencia bem a mediocridade dos nossos políticos, razão que justifica o divórcio cada vez mais profundo entre a população e a classe política.
A proposta, se vier a ser votada favoravelmente pela Assembleia Municipal de Lisboa, será o princípio do fim da “Cidade Imaginada”, apresentada ao país e ao mundo como um modelo exemplar de recuperação urbana. Será ainda o atraiçoar da história que levou à realização da Expo dos Oceanos, onde se homenageou os feitos dos Portugueses na descoberta das Estradas do Mar, e que ainda hoje nos torna conhecidos em todo o mundo, facto que aliás ficou mais uma vez bem patente na recente viagem de circum-navegação do navio escola Sagres.
O Parque das Nações, por toda a história que encerra, é um bem patrimonial que não pode ser violado por conveniências políticas de ocasião. Por outro lado, dividir pela gestão de duas câmaras um espaço que foi construído para funcionar de forma unificada é um atentado às mais elementares regras e boas práticas de gestão urbana.
Ao que parece, passados que foram mais de 20 anos sobre a queda do muro de Berlim, o PS e o PSD entendem-se para criar num local emblemático da Capital do País um muro que, para além “da Vergonha”, será também “da Ignorância”, face ao desrespeito pela história do Parque das Nações e pela sua comunidade que aqui vive e trabalha.
A ANMPN solidariza-se assim com a AMCPN na denúncia desta situação inqualificável, e apela a todos aqueles que moram e trabalham no Parque das Nações que mostrem a sua indignação junto dos Autarcas da CM de Lisboa e dos Deputados da Assembleia da República, evidenciando as consequências negativas para a comunidade e para o País, desta pretensa divisão sem qualquer sentido.
A “Cidade Imaginada”, que resultou da Expo dos Oceanos, constrói-se no dia-a-dia, através de acções e iniciativas de todos nós. É esta a herança que iremos deixar aos nossos filhos, netos e gerações vindouras e, nesse sentido, temos de ser capazes de nos unir e lutar contra as ameaças que vão surgindo, como a presente, que visa separá-la pelo “Muro da Vergonha”.

É um trabalho de todos e de cada um de nós. Por isso contamos consigo.

Saudações Náuticas,
Paulo Andrade