Diário de Bordo – Edição nº54

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Marinha do Tejo
O pólo vivo do Museu de Marinha já conta com cerca de 60 Embarcações Típicas do Tejo.
A «Marinha do Tejo» é o nome por que ficaram conhecidas as embarcações e a comunidade de marítimos e de artífices, que navegavam e habitavam ao longo das suas margens. O seu significado histórico-cultural traduz aspectos que reflectem bem a nossa identidade nacional e o que há de mais genuíno nas nossas populações ribeirinhas. Homens de trabalho que, com a sua acção, definiram a geografia do País e moldaram a Nação.
A «Marinha do Tejo» desempenhou um papel decisivo na defesa do País no cerco a Lisboa do Século XIV e durante as invasões francesas, no início do século XIX, contribuindo de forma determinante para a protecção da cidade de Lisboa, tendo sido perpetuada até aos dias de hoje, através de um trabalho generoso e dedicado que transmite às gerações mais jovens a sabedoria dos saberes fruto de séculos de experiência viva.
Instituída pelo Despacho n.º 15899/2008 de Sexa, o Secretário da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar (SEDNAM) – Dr. João Mira Gomes – como pólo vivo do Museu de Marinha, a «Marinha do Tejo» celebrou no passado dia 26 de Junho o seu aniversário, onde cerca de 60 embarcações e respectivas tripulações, depois de desfilarem no Tejo em frente ao Cais das Colunas, foram recebidas na Base Naval do Alfeite numa cerimónia que contou com a presença do actual SEDNAM – Dr. Marcos Perestrello e do Representante do Chefe do Estado Maior da Armada – Almirante Saldanha Lopes.  O número de embarcações típicas inscritas no Livro de Registos da «Marinha do Tejo», em exposição no Museu de Marinha tem vindo a registar um crescimento significativo, com 40 embarcações em 2008 e 50 em 2009, registou este ano um total de 57, sendo a unidade mais antiga o Catraio “Péleve” de Paço d’ Arcos construída em 1900 e a mais recente a Canoa “Alma do Tejo” de 2010.
A ANMPN tem vindo a apoiar desde a primeira hora a «Marinha do Tejo», participando na organização e divulgação dos seus eventos, alguns dos quais tiveram como palco a Marina do Parque das Nações. A Canoa “Ana Paula”, que tem como proprietário o Professor Carvalho Rodrigues, é uma das unidades residentes na nossa marina, facilmente localizável no Pontão “G” através das cores garridas de luz que caracterizam as embarcações típicas do Tejo.
Bandeira Azul para a Marina do Parque das Nações e para um conjunto de embarcações residentes.
Conforme anunciado na última edição do NP, no dia 19 de Junho teve lugar, na Marina do Parque das Nações, o hasteamento da Bandeira Azul, galardão com que foi distinguida a infra-estrutura pelo cumprimento de um conjunto de 24 critérios ambientais. Foram ainda distribuídas nove Bandeiras Azuis para Embarcações de Recreio, onde os respectivos Comandantes, através da subscrição de um Código de Conduta comprometeram-se a fazer respeitar a bordo das embarcações que comandam um conjunto de 13 critérios ambientais. A Marina do Parque das Nações passou agora a ser uma referência a nível nacional, pelo número de Bandeiras Azuis arvoradas, enaltecendo o respeito pelo mar e pelos oceanos, dignificando desta forma o Parque das Nações e o lema da Exposição Universal de 1998 – «A Expo dos Oceanos».

Festival dos Oceanos 2010 sem mar e sem barcos…!
Se alguém falasse num “Festival do Ar sem Aviões”, toda a gente acharia que era algo sem qualquer sentido e que não lembraria ao diabo. No entanto, vai decorrer em Lisboa de 31 de Julho a 14 de Agosto, com grande ênfase no Parque das Nações, o “Festival dos Oceanos sem Mar e sem Barcos …”, evento que é organizado pela Associação do Turismo de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, Turismo de Portugal e Centenário da República.
São Espectáculos “de Rua”, Teatros “de Rua” … mais Manifestações “de Rua” … e o Tejo com o seu Mar da Palha, que deu alma a Lisboa, de onde saíram as Naus que desbravaram os Oceanos dando novos mundos ao mundo e que fizeram que este pequeno País fosse conhecido em toda a parte, apenas é referido como “cenário” de um espectáculo pirotécnico.
O facto de Lisboa e, em particular, o Parque das Nações, já possuir uma Marina em operação desde Agosto de 2009, onde naturalmente seria espectável a centralização de um conjunto de actividades ligadas ao Festival dos Oceanos, como aliás aconteceu durante a Exposição Universal de 1998 que teve na zona da Marina e Edifício Nau um dos locais de maior afluência de visitantes, foi, ao que parece, completamente esquecido pelos organizadores.
Este é, lamentavelmente, um exemplo concreto da perseguição activa pelas nossas entidades públicas às actividades ligadas ao mar, desprezando e hostilizando de forma intolerável o passado de um povo que ficou conhecido pela Descoberta das Estradas do Mar. De vez em quando, lá vem quem se lembra desse passado de glória dos portugueses e decida chamar “navegadores” àqueles que saem do País em missão da Pátria. No entanto, o resultado destes recentes “navegadores à força” traduziu-se, naturalmente, em falta de ambição, medo de correr riscos, e muitos enjoos…, ou seja, a antítese daquilo que caracterizou a nossa comunidade de marítimos do passado, e que hoje, a «Marinha do Tejo» procura homenagear e recriar.

Patos residentes
A Bacia Sul da Marina, desde o início do passado mês de Junho, conta com três Patos que têm constituído uma atracção para os residentes e visitantes da marina, sobretudo os mais jovens.
Muito embora, e dada a sua tenra idade, ainda existam dúvidas quanto ao sexo, os nomes dos Patos são “Retranca” (Embarcações), “Comporta” (Marina) e “Manjerico” (Lisboa).

A próxima vez que passar pela Marina, tente descobrir estes novos habitantes no plano de água da Bacia Sul.

A marina, inserida no espaço urbano do Parque das Nações, vai ganhando a pouco a pouco o estatuto de local de excelência para aqueles que, mesmo quando não estão a navegar, gostam de conviver e confraternizar à “Borda d’Água”. Está naturalmente de Parabéns a Dra. Filipa Villar – responsável Comercial da Marina -, e que tem sido a grande entusiasta deste “projecto”.

Saudações Náuticas,
Paulo Andrade