Crónica

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Já havia referenciado a iniciativa editorial da Revista do Expresso “Os Melhores Bairros para Viver em Lisboa”, desenvolvido em forma de ranking. Classificação à parte, decidi comparar o Parque das Nações com Belém que sob o mote “Entre a História, o Tejo e o Verde” foi escolhido como “a zona mais fantástica para viver”. Por coincidência trata-se de dois bairros situados em extremos opostos da cidade que foram recuperados e modernizados a partir de outros tantos eventos. A Exposição do Mundo Português, em 1940, e a Expo dos Oceanos, em 1998.


PARA USUFRUIR?
Em termos turísticos e culturais, torna-se difícil competir com um espaço que engloba dois monumentos património da humanidade Unesco (Torre de Belém e os Jerónimos), o CCB, o Padrão dos Descobrimentos e oito museus. Ainda assim, o Pavilhão Atlântico, o Teatro Camões (alberga companhia de bailado), o Oceanário, o Pavilhão do Conhecimento, a Torre Vasco da Gama (em breve abrirá o restaurante panorâmico 360º), a Torre da Refinaria, o Casino e o desocupado Pavilhão de Portugal, deixam-nos bem representados junto dos visitantes.
As duas zonas apresentam entre si mais similaridades, algumas singulares em Lisboa. A privilegiada ligação ao Tejo através de frentes ribeirinhas de eleição, com zonas de recreio náutico, sobranceiros hotéis de luxo e profusão de áreas ajardinadas.  Equivalem-se, no baixo índice de poluição, no tráfego rodoviário que corre fluído sem grandes problemas de trânsito ou estacionamento e nos polos de diversão noturna, situados em áreas não residenciais. Ah! E ambos são bairros ministeriáveis, em Belém reside Assunção Cristas, ao passo que, por cá, reside Álvaro Santos Pereira.
A Oriente, situa-se a maior frente usufruível junto ao Tejo (5 kms), embelezada por jardins e manchas arborizadas. Todas bem cuidadas ao contrário do estado deplorável do relvado da Torre de Belém.  Ao longo da margem, tem equipamentos inéditos em Lisboa.   O teleférico e um passadiço firme, onde se pode passear por cima da água. O percurso serpenteia desde o sapal do Trancão até à nossa Marina, também única na cidade. Sim, a ocidente, os ancoradouros são em meras docas sem serviço de marinhagem. mas em abono da geografia situam-se mais perto da barra do porto. Desse local, onde outrora largaram as caravelas rumo ao desconhecido, partem agora barcos de passeio para turistas, que navegam pelo rio acima, justamente até ao Parque. Nos hotéis a vantagem vai para o esplendoroso Myriad (uma das 5 unidades no PN, estando outro em construção) face ao  acolhedor e prazenteiro Altis Belém. Em termo de vistas, prefiro sem dúvida, a da Ermida de S. Jerónimo (jardim no Restelo, virado ao Tejo) ou a do miradouro do jardim botânico da Ajuda que também vale pela perspetiva de Monsanto. Aqui o espaço público com melhor vista é o Jardim Cabeço das Rolas, criação paisagística do arquiteto Ribeiro Teles. Calmo e tranquilo, passa desapercebida da maior parte dos expoentes.

PARA VIVER?
No que respeita a ensino, na área de ação de Belém, encontram-se 3 estabelecimentos do Top 10 das escolas e uma delas, a Secundária do Restelo, é pública. Por aqui, falta a conclusão da escola do PN e a construção de escola básica, a norte do território. Quanto a rankings, quer a Vasco da Gama quer os vários colégios privados de excelência, são instituições recentes, mas com tempo lá chegarão. E se não temos universidades multidisciplinares, desde cedo o Parque acolheu as escolas superiores de Enfermagem e de Tecnologia da Saúde, ao lado de Residência Estudantil e da Pousada da Juventude. Por outro lado, um terço da população da envelhecida Belém tem mais de 65 anos, mas entre nós a renovação geracional está assegurada. Fruto da juventude dos casais locais, o índice de natalidade é ímpar a nível nacional.
O edificado é moderno e foi raro o arquiteto de referência que não deixou obra no Parque.

Tal como na arte Urbana, está representada a vanguarda dos artistas plásticos nacionais. Sentem-se como monumentos vividos e utilizados, sejam eles edifícios emblemáticos de habitação (torres São Gabriel/Rafael) ou de equipamento (Estação do Oriente) ou de serviços (sede da Vodafone – prémio Valmor 2005). Todos servidos por um inovador sistema automático, para recolha por sução dos resíduos urbanos diferenciados e limpeza do espaço público envolvente, 7 dias por semana. Um terço da área total do PN são espaços verdes, com a maioria das artérias arborizadas e não como em Belém, onde só as avenidas residenciais do Restelo as têm.

PARA TRABALHAR?
O Parque constitui uma nova centralidade pela mistura perfeita entre habitação, comércio e escritórios, onde sem atropelos, se cruzam cerca de vinte mil habitantes com mais de 5.000 trabalhadores e muitos visitantes em recreio ou em negócios. Os últimos atraídos pelas feiras e eventos da FIL.
O sucesso foi e é de tal ordem, que instaladas no PN, estão, além dos tribunais e das finanças, empresas do PSI20, sedes, delegações, representações, filiais, escritórios e lojas, de todos os ramos da atividade comercial e empresarial.

Nenhuma marca, loja ou cadeia de restauração quer estar out deste boom negocial, sustentado no poder de compra populacional. Se as nomeasse todas, o espaço deste artigo não seria suficiente. No coração do Parque (Praça do Oriente), encontram-se os centros comerciais que servem como portas de acesso central ao “recinto”. Sem esquecer que foi por Oriente que a capital conseguiu inverter a tendência atraindo empresas sediadas em Oeiras, caso da Microsoft.
Para o bom score, muito contribuíram a rede de transportes e os acessos privilegiados às principais vias nacionais e urbanas. Na intermodal da Gare do Oriente, passam 4 linhas de comboio, e de lá saem Expressos para todo o país e para a Europa. É servida por inúmeras carreiras interurbanas e autocarros da Carris e, ainda, pela linha Oriente do Metro, entretanto acrescentada até ao aeroporto. Em Belém não existe metropolitano mas através de elétricos de última geração ou do comboio, chega-se rápido à ao Cais Sodré. Ganha em manter ligação fluvial à Trafaria e ao Porto Brandão. Por cá a Porta do Tejo há muito que abandonou a sua função de ligar as duas margens do Tejo.

De início, tive a oportunidade de aliar a vivência ao trabalho sem sair do bairro. Ambiciono voltar a essa cómoda condição que me permita fazer como vejo a muitos de vós, deslocar-me rapidamente até ao local de trabalho, sem utilizar automóvel.
Para terminar, faço minhas as palavras da Carmo Miranda, numa das suas crónicas: “GOSTO DO MEU BAIRRO. HABITO-O DESDE 98. NÃO O TROCO POR NENHUM OUTRO DE LISBOA OU ARREDORES.”

Nota – Parque das Nações, o futuro em Condições.

Até agora, este território tem sido um exemplo para Lisboa e não só, do que é urbanizar com visão e sustentabilidade um espaço de referência, gerido com cuidado por uma entidade nacional que aproveitou, e bem, um evento extraordinário. A Expo 98 ainda está presente na nossa memória e foi o mote para desenvolver com sucesso uma “cidade” bem à frente da cidade, a que agora pertence por inteiro. Apesar das dificuldades para retirar as tais placas tarifárias de táxi, estou ciente de que a CML tudo fará no sentido de assegurar a boa prestação dos serviços públicos e a manutenção possível do equipamento, até à tomada de posse do executivo local. Para já louvo a abertura do município em aceitar o desafio da AMCPN para, regularmente, reunir com moradores interessados em partilhar a sua experiência comunitária. Através desta experiência, os técnicos camarários inteiram-se das pretensões da população quanto aos melhoramentos e empreitadas a encetar. Mas a única certeza é que todos nós expoentes, pela primeira vez, podemos decidir pelo voto, qual a melhor equipa para zelar pelo destino futuro do nosso Parque.

José Teles Baltazar
veste Dunhill (C.C Amoreiras – piso 2 – lojas 2151/58  – tel. 213 880 282)

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