Crónica do Parque

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NAÇÕES AO ALTO

ABERTURA DO POLO DA JUNTA, A POENTE – fui conhecer a aposta na descentralização do atendimento administrativo da JF que aproveitou um espaço municipal devoluto e cedido em comodato, onde também funcionam o Gabinete de Apoio Social e o de Apoio Jurídico e onde, a prazo, abrirão o Centro de Enfermagem e Psicologia, a Loja Solidária e a Lavandaria Social, mas a melhor notícia é que uma parte significativa do mobiliário utilizado proveio de mecenato empresarial, graças ao bom trabalho desenvolvido por parte da vogal do pelouro social, Conceição Palha.

REFOOD ENCONTRA UMA “CASA” – Após um ano de “busca”, a Refood tem um centro de operações, situado, na Quinta das Laranjeiras, num espaço cedido por uma força política (CDS-PP) que assim dá o pontapé de saída ao envolvimento da sociedade civil local, a quem cabe apoiar o funcionamento do núcleo liderado pelos jovens Inês Andrade e Pedro Colaço que já garantiram o apoio por parte da JF para aquisição de equipamento.

RETOMA EMPRESARIAL NO PARQUE – A par da procura imobiliária, os investidores também acreditam no futuro: o Pingo Doce constrói, no lote 3.27.01, uma loja de raiz na zona sul; a cadeia Hotusa anunciou a abertura de 2 novas unidades hoteleiras; o colégio Pedro Arrupe vai alargar as instalações ao lote 6.17; e foi submetido à CML, um projeto de edificação do templo da igreja Mórmon, junto à rotunda da Portela nos lotes 4.71/4.72.

HOSPITAL DAS DESCOBERTAS – Outra prova do fervor empresarial, a CUF Saúde quer ampliar essa unidade hospitalar ao lote adjacente, mas parece que o projeto de licenciamento anda em “banho-maria” nos paços do concelho… fosse outro o arquiteto com a venda do terreno a reverter para a CML, até um quartel de bombeiros se demolia, como se falou no caso no hospital da Luz que, por ironia do destino e por via de OPA, pode vir a integrar o grupo José de Mello Saúde.

ESCOLA DO PARQUE DAS NAÇÕES, 2ª FASE JÁ! – A petição a exigir ao Ministério da Educação a construção urgente da 2ª fase da escola, foi aprovada por unanimidade na assembleia municipal de Lisboa e a Associação de Pais foi ouvida na comissão parlamentar de educação, fase que antecede a provável votação da petição em hemiciclo que poderá solucionar um imbróglio jurídico que só em Portugal podia acontecer: projetar e avançar com a obra de um edifício público, sem acautelar a posse do terreno.

VIGILANTES DO PARQUE DAS NAÇÕES – Outro importante grupo de facebook administrado pelo residente João Duarte Fino, um espaço de alerta das frequentes situações menos positivas, mas também aberto a divulgar aquilo que de bom acontece e tal como o Pela Qualidade Urbana do Parque das Nações, tornou-se uma útil ferramenta de monitorização que a CML e a nossa JF deviam seguir.

NAÇÕES EM BAIXO

NAVIGATORS, SUBSÍDIO OPACO – Mais do que falta de transparência, o caso aparenta promiscuidade: logo após o presidente do clube, José Moreno, renunciar ao cargo a favor do presidente da AMCPN e eleito à AF pelo PNPN, o subsídio de 10.000€ foi solicitado pelo diretor desportivo que agora é funcionário da Junta e deferido pelo presidente do executivo ou seja tudo em família política, com o fundamento pífio dos preços sociais praticados (?) e sem a divulgação pública exigida pelo protocolo, isto no mesmo ano em que acabam com a escola de futebol, âncora desportiva do Navigators, ex-Clube do Parque das Nações.

ARTE URBANA POR IDENTIFICAR – Aumentou o número de obras de arte sem a devida identificação nomeando a peça e o seu autor, a maioria dessas placas estão em branco ou grafitadas e, no caso da artista Fernanda Fragateiro, que assina 6 obras encadeadas entre a Sport Tv e o Oceanário, nenhuma delas está assinalada, tal como acontece na maioria das calçadas de autor e ainda em peças emblemáticas como a estátua metálica de Jorge Vieira, o Homem Sol.

NOVA MACHADADA NOS ESPAÇOS VERDES – A insolvência da empresa Teleflora apanhou de surpresa o executivo da Junta que a escolheu, por ajuste direto, para manter os jardins à sua responsabilidade que ficaram uma vez mais por tratar, mas pior, a nossa autarquia falhou prazos para, ao abrigo do acordo quadro da CML, lançar concurso para contratar um prestador a longo prazo, assim resta experimentar outra opção por mais um trimestre, logo se verá o resultado.

GRAFITIS, UM FLAGELO RECENTE – à exceção dos desenhos nos pilares da ponte, no Parque Radical e junto à residência universitária, só se viam grafitis fora do Parque, fruto da estratégia de combate atenta e musculada que, descontinuada, levou ao desleixo criando um sentimento de impunidade e atualmente nenhuma fachada ou equipamento está a salvo da selvajaria pictórica. Para inverter a situação as entidades autárquicas, cuja responsabilidade se esgota no domínio do equipamento público, têm de reagir com rapidez enquanto os edifícios de escritórios ou condomínios habitacionais vandalizados podem negociar em bloco com uma firma da especialidade, custo comedido para lavagem e remoção de tinta das suas fachadas.
Nota – a partir de hoje, irei colocar várias séries de imagens alusivas ao tema, em: https://www.facebook.com/groups/1493622384186407/

SAUDADES DA GESTÃO URBANA DA PARQUE EXPO – IV
Recordo-me de início de 2011 ter recebido um mail de uma leitora que, se por um lado, agradecia aos envolvidos na luta pela criação de uma única freguesia, em Lisboa, por outro, temia a perca dos serviços públicos integrados e de bom nível que nos eram prestados pela PE. Sendo conhecedora do funcionamento deficiente e da falta de capacidade de resposta dos serviços urbanos da CML, já então me prevenia para o que, após a transição administrativa, de pior veio a suceder ao nosso território.
A propósito do nível dos serviços públicos prestados, decidi auscultar a opinião de antigos quadros da Parque EXPO onde trabalharam 17 anos antes de abraçar outros desafios profissionais que justificam manter o seu anonimato:  “Infelizmente, o seu artigo http://www.lxnoticias.pt/opiniao/172-saudades-da-gestao-urbana-da-parque-expo.html reflete a realidade. Mas, nada como deitar mãos à obra.
A vida tem destas coisas! O Dr. Moreno que tanto criticava, sempre pronto para pôr a Parque Expo em causa, agora está do lado do poder e que fez para acautelar o estado atual do Parque das Nações?”

“Estive na equipa que projetou, criou e promoveu a EXPO’98 e, posteriormente, na equipa que liderou os destinos da Parque EXPO nos múltiplos projetos de requalificação urbana e ambiental, incluindo a gestão do Parque das Nações. Por todas as razões emocionais e por conhecer de facto os dossiês e contornos do processo de extinção da empresa, temo que qualquer juízo de opinião que emita seja demasiado cáustico para difundir num órgão de comunicação social. Este processo é talvez um dos maiores atentados levado a cabo pelo estado português que lesa entre outros os moradores do Parque das Nações que hoje, legitimamente, podem sentir-se enganados.”

José Teles Baltazar